A ação de graças na oração

February 21, 2025

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, por meio da oração e da súplica, com ação de graças, apresentem os seus pedidos a Deus.” Filipenses‬ ‭4‬:‭6‬ ‭NVI‬‬

Praticamente todos os comentários que li sobre este versículo sugerem que ao orarmos devemos oferecer ações de graças a Deus por tudo o que ele já nos deu. Eu reconheço que esse é um dos sentidos da ação de graças na oração, mas há uma possibilidade menos falada, mas que me parece mais apropriada ao versículo.

Vou partir de um exemplo de oração do próprio Cristo, que vai nos dar uma base melhor de compreensão do que estou falando. Diante do túmulo de Lázaro, Jesus fez uma oração curta e simples de ação de graças: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que eles creiam que tu me enviaste.

A Bíblia não revela qual foi essa oração de súplica que Jesus fez pela vida do amigo, mas revela a oração de ação de graças por ter sido ouvido, necessária para que os ouvintes creiam que Deus o enviou. Ao agradecer por ter sido ouvido, Jesus está agradecendo pela ressurreição de Lázaro, já antes de acontecer.

O apóstolo João escreveu: “Se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos dele o que pedimos.” Segundo este texto, ser ouvido por Deus é basicamente sinônimo de ser atendido por ele. Ora, se, de fato, sabemos que temos o que dele pedimos, o mais apropriado é já agradecer pela benção que dele recebemos, como fez Jesus.

Jesus estava demonstrando, na prática, o que ele próprio ensinou a respeito da oração de fé: tudo o que pedirmos ao pai, crendo que já o recebemos, sucederá. Ora, se cremos que já o recebemos, o mais apropriado é louvar a Deus e agradecer, mesmo antes de suceder o que pedimos. E não foi apenas Jesus que fez esse tipo de oração.

No salmo 6, Davi ora por sua saúde: “Tem misericórdia de mim, Senhor, pois estou exausto! Cura‑me, Senhor, pois os meus ossos tremem de angústia.” Sua súplica termina com ações de graça, a exemplo da oração de Jesus, ou melhor, termina com a confissão da sua fé: “O Senhor ouviu o meu choro. O Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração.

Um outro exemplo deste tipo de oração é a de Jonas. A Bíblia diz o seguinte: “Dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, o seu Deus, e disse: ‘No meu desespero, clamei ao Senhor, e ele me respondeu. Do Sheol, gritei por socorro, e ouviste o meu clamor’.” Ainda dentro do peixe, Jonas declara, pela fé, que já foi ouvido por Deus, a exemplo de Jesus e Davi.

A oração de Jonas termina com ações de graças: “Com um cântico de gratidão, oferecerei sacrifício a ti.” Lembrando que tudo isso acontece com ele ainda dentro do peixe. Depois de toda a sua desobediência, ele se arrepende com a certeza de que Deus irá livra-lo, tanto que ele agradece de antemão pelo seu livramento.

Há outros exemplos na Bíblia desse tipo de oração, mas essas são suficientes como argumento. Como eu disse no começo, creio que esse é o tipo de ações de graças a que o apóstolo Paulo se refere. “Não andem ansiosos por coisa alguma”, diz ele, repetindo a máxima de Jesus no sermão do monte, “mas em tudo, por meio da oração e da súplica, com ação de graças, apresentem os seus pedidos a Deus.

Segundo o apóstolo, devemos apresentar nossos pedidos a Deus com súplicas e ações de graças. Para mim faz mais sentido, textualmente falando, que essas ações de graças sejam por conta dos pedidos terem sido ouvidos por Deus e, consequentemente, atendidos. Estamos falando, portanto, de ações de graças como um ato de fé e ousadia.

‭‭