O Senhor é o meu pastor
“O Senhor é o meu pastor”, louva o jovem Davi, naquele que é considerado o seu mais belo cântico, enquanto ele próprio pastoreia as ovelhas do seu pai. Sentado embaixo de uma árvore, ele dedilha a sua harpa, vendo-se como uma das suas ovelhinhas, sendo cuidado pelo próprio Deus.
“E nada me faltará”, ele prossegue. O Senhor não lhe deixa faltar nada do que ele precisa para viver, ele reconhece, por isso o futuro não lhe causa ansiedade ou preocupação, do mesmo modo que não preocupa cada uma daquelas ovelhinhas à sua volta.
“Ele me faz descansar em pastos verdejantes”, o louvor prossegue. Descansar em pastos verdejantes é tudo o que uma ovelha pode querer. Enquanto louva, Davi se sente como uma ovelha bem alimentada e nutrida, descansando tranquilamente no seu Deus.
“E me leva às águas tranquilas”, prossegue Davi. O objetivo do pastor não é levar as ovelhas a lugares áridos ou turbulentos, mas sim conduzi-las a lugares tranquilos, onde elas possam saciar a sede com água viva e encontrar refrigério para suas almas.
“Restaura-me o vigor”, é a próxima parte do louvor. Por vezes, as ovelhas se cansam e ficam abatidas e fracas. Compete ao pastor alimentá-las e fazê-las descansar, até que renovem as suas forças e fiquem viçosas novamente.
“Guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome”. Ovelhas rebeldes são uma vergonha para o pastor, mais do que para elas. Por esse motivo, o pastor conduz suas ovelhas por um caminho de retidão e de disciplina, que elas aceitam, porque são ovelhas e não bodes.
“Mesmo que eu ande por um vale de densas trevas”, prossegue o cântico. Todas as ovelhas enfrentam momentos assim, em que tudo fica escuro, perigoso e elas não vêem mais o pastor. Momentos em que pode parecer que elas estão sozinhas e abandonadas.
“Não temerei mal algum, pois tu estás comigo”, entoa Davi. A ovelha que conhece o seu pastor, sabe que ele está lá, mesmo que ela não consiga vê-lo em meio às trevas. Ela tem fé e confiança nele, porque o bom pastor sempre esteve do seu lado.
“A tua vara e o teu cajado me confortam”, prossegue ele. Mesmo que em meio às trevas as ovelhas não consigam ver o pastor, elas podem senti-lo. Quando estão se desviando do caminho, ele as faz saber que está lá, com o seu toque, e isso é reconfortante.
“Preparas um banquete diante de mim, na presença dos meus inimigos”, assim prossegue o cântico de Davi. Lá estão as ovelhas se alimentando em pastos verdejantes e em águas tranquilas, enquanto, à distância, o leão e o urso observam com fome.
“Unges minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda”, diz o salmo na sequência, o que, dado o contexto, pode significar o tratamento das feridas ou o afastamento de insetos. Contudo, não tem como não lembrar de Samuel ungindo a cabeça de Davi.
“Certamente a bondade e o amor me seguirão”, diz o salmista. Não somos nós que vamos atrás da bondade e do amor do pastor, é o amor e a bondade dele que vem atrás de nós e nos persegue até nos encontrar.
“Todos os dias da minha vida”, declara Davi. Ele provavelmente ainda era jovem quando fez essa afirmação, mas tinha uma confiança absoluta quanto ao seu futuro, porque ele próprio não abandonava as ovelhas mais velhas do seu pai.
“E habitarei na casa do Senhor para sempre”, esse é o final do seu louvor. Serve para nos lembrar que toda comparação tem um limite, porque certamente as suas ovelhas habitavam no curral. Ele, por outro lado, tinha mais valor do que as suas ovelhas, porque habitaria para sempre na casa do seu Deus.