O pão dos filhos
“Ele respondeu:
― Não fui enviado senão às ovelhas perdidas do povo de Israel.
A mulher veio, adorou‑o de joelhos e disse:
― Senhor, ajuda‑me! Ele respondeu:
― Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá‑lo aos cachorrinhos.”
“Não fui enviado senão às ovelhas perdidas de Israel” é o mesmo que dizer “eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel”. Não é que Jesus tivesse sido enviado prioritariamente aos judeus; foi exclusivamente. Tivesse sido enviado prioritariamente, a rejeição dos judeus não seria necessária; todos poderiam ser abençoados. No entanto, a rejeição dos judeus foi necessária.
Jesus foi enviado às ovelhas perdidas de Israel para lhes dar o que aquela mulher estava pedindo para sua filha: a libertação do sofrimento imposto por Satanás e seus agentes. Jesus chama o que aquela mulher estava pedindo de “pão dos filhos”. Os filhos, neste caso, são as ovelhas perdidas de Israel, para as quais ele foi enviado. A comparação com ovelhas ressalta o cuidado de Deus, como pastor; chamá-los de filhos, ressalta a relação paternal entre Deus e os judeus.
“Pão dos filhos” aponta para a universalidade dos milagres. Se o pão é dos filhos, todos os filhos estão convidados à mesa; e até os cachorrinhos podem participar das migalhas do banquete. Esta expressão não combina com um Jesus que desce do céu com dons, para distribuir a alguns filhos, graciosamente e de acordo com sua vontade. Não, porque daí não seria “pão dos filhos”.
“Pão dos filhos” associa os milagres com o pão, que é, dos alimentos, o mais básico e necessário. Isto amplia nosso entendimento sobre a oração do Pai nosso, onde filhos pedem ao pai, pelo “pão nosso de cada dia”. Se o pão de cada dia representa as nossas necessidades essenciais, isso inclui os milagres; inclui o pão dos filhos. Receber um milagre é tão básico e necessário quanto comer pão.
“Qual homem, se o filho pedir pão, lhe dará uma pedra?” Jesus perguntou. “Quanto mais o seu Pai, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” Se na oração do Pai Nosso nós aprendemos que podemos pedir o “pão dos filhos” ao nosso Pai Celestial, aqui nós aprendemos que o nosso Pai vai nos conceder o “pão dos filhos” que nós pedimos e não qualquer outra coisa no lugar.
Há alguma relação entre estão “pão dos filhos” e o “pão da vida”? Nesta passagem nós aprendemos que todo aquele que comer do “pão dos filhos”, ainda que uma migalha dele, é curado das suas enfermidades. Já, a respeito do “pão da vida”, Jesus disse: “Se alguém comer deste pão, viverá para sempre”. Ora, tanto a cura divina quanto a vida eterna emanam da mesma fonte, o corpo de Cristo; em ambos os casos é o poder da ressurreição operando.