Autoridade sobrenatural — Parte 2

November 22, 2024

Entrando Jesus em Cafarnaum, dirigiu-se a ele um centurião, pedindo-lhe ajuda. E disse: “Senhor, meu servo está em casa, paralítico, em terrível sofrimento”. Jesus lhe disse: “Eu irei curá-lo”. Respondeu o centurião: “Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado. Pois eu também sou homem sujeito à autoridade, com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem. Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz”.

O centurião foi até Jesus em busca de uma única palavra; em busca de uma simples ordem. Os discípulos ficavam perplexos com a autoridade de Jesus; o centurião romano não. Em matéria de compreensão da autoridade sobrenatural, ele estava muito a frente dos discípulos.

Na esfera militar — a que o centurião pertencia — , a autoridade é levada mais a sério do que na esfera civil. Na esfera civil, precisamos falar umas dez vezes, para ser obedecido, no ambiente militar basta uma palavra. No ambiente civil, as ordens são questionadas. No ambiente militar, não.

No ambiente civil, muitas vezes, ficamos surpresos, em sermos obedecidos de primeira, ou sem oposição. No ambiente militar, o contrário é que causaria perplexidade. Os discípulos ficaram perplexos, porque o vento e o mar obedeceram a Jesus. Jesus teria ficado surpreso com o contrário.

O ponto é que, em matéria de eficácia, a autoridade sobrenatural se assemelha muito mais à autoridade militar do que à autoridade civil. Os evangelhos destacam esta eficácia ao ressaltar que Jesus realizava milagres "com uma palavra" e os milagres aconteciam "imediatamente".

Veja, por exemplo, este versículo: “Ao cair da tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele, com uma palavra, expulsou os espíritos e curou todos os que estavam doentes.” E, também, este: “Imediatamente os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou, e ele começou a falar corretamente.

Se Jesus exercia a autoridade sobrenatural com uma palavra e a obediência era imediata, porque haveria de ser diferente com seus representantes, ao exercerem a autoridade que ele delegou? Não faz sentido! O nosso método deve ser o mesmo, a nossa eficácia também.

O problema é que, muitas vezes, os representantes de Jesus exercem essa autoridade sobrenatural como se estivesse exercendo uma autoridade civil. Estão dispostos a baterem boca com os demônios; ou a repetir dez vezes a mesma ordem; ou a aceitarem a desobediência, como normal.

Um outro problema gravíssimo é que, muitas vezes, falamos em nome de Jesus, mas nem nós mesmos acreditamos na autoridade da palavra que proferimos. Falamos em nome de Jesus, apenas por falar. Não esperamos realmente ser o obedecidos. Se fôssemos obedecidos, provavelmente tomaríamos um susto.

Não é que não creiamos na autoridade de Jesus, só não acreditamos, de verdade, que estamos revestidos dela. Não nos sentimos dignos; não estamos acostumados a sermos obedecidos ou levados a sério. Passamos tempo demais sendo ignorados, desautorizados, menosprezados.

Porque agimos assim? O episódio do centurião nos mostra que o meio em que vivemos influencia a nossa visão e compreensão da autoridade. Há ambientes tão nocivos, em matéria de autoridade, que nos condicionam a ficarmos mais surpreso com a obediência do que com a desobediência.

A solução para este problema passa, em primeiro lugar, por corrigirmos nossa própria relação com a autoridade, nos dois polos. Por um lado, precisamos ser submissos e obedientes, como pessoas sujeitas à autoridade, por outro lado, devemos exercer nossa autoridade com seriedade e zelo.

Em segundo lugar, devemos valorizar a nossa palavra. Precisamos tomar cuidado com tudo o que sai de nossa boca. Nosso sim deve ser sim, nosso não, não. Tudo o que for além disso, provém do maligno. Quanto mais valor tiver a nossa palavra, mais preparados estaremos para falar em nome de Jesus.

Quando formos falar em nome de Jesus, devemos pensar em duas perguntas: primeiro, o que Jesus falaria, nesta situação?; e, segundo, como ele falaria? Para honrarmos a autoridade que ele nos delegou, devemos falar o que ele falaria, do jeito que ele falaria.