Autoridade sobrenatural — Parte 1

November 22, 2024

Autoridade sobrenatural — Parte 1

Por autoridade sobrenatural, refiro-me a um tipo bem específico de autoridade. Aquela exibida por Jesus ao repreender o mar e o vento, ou ao amaldiçoar a figueira. Incluo, também, neste conceito, a autoridade para curar enfermos e expulsar demônios.

Jesus exerceu esta autoridade durante todo o seu ministério terreno, emitindo comandos e ordens a toda a criação, tanto aos seres animados — como os demônios — quanto aos inanimados. Ele repreendeu o vento, amaldiçoou a figueira, repreendeu a febre da sogra de Pedro e dava ordens aos mortos para que voltassem à vida, como se estes pudessem ouvi-lo.

Jesus não apenas emitia ordens; suas ordens eram obedecidas; e era isso que causava espanto. A autoridade de Jesus era tal que, como disseram os discípulos, até os ventos e o mar lhe obedeciam. Os evangelhos ressaltam, também, a eficácia da autoridade de Jesus. Os milagres aconteciam imediatamente, e com apenas "uma palavra".

A autoridade demanda submissão; as ordens, obediência. Por essa razão, a autoridade e o poder geralmente andam juntos. Por poder, me refiro ao poder de se fazer ser obedecido. As autoridades humanas portam a espada para este fim, como escreveu o apóstolo Paulo. No caso da autoridade sobrenatural [exousia], o poder também é sobrenatural [dunamis].

Jesus delegou esta autoridade sobrenatural aos seus discípulos, em mais de uma ocasião. Mateus escreveu que "Jesus, tendo chamado seus doze discípulos, deu-lhes autoridade [exousia] para expulsar espíritos imundos e curar todas as doenças e males". Lucas complementa: "Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder [dunamis] e autoridade [exousia] sobre todos os demônios e para curar doenças."

Marcos, ao falar sobre a grande comissão, não menciona a autoridade, diretamente, mas diz o seguinte: "Em meu nome expulsarão os demônios; […] e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão." Esta expressão "em meu nome" é claramente um tipo de procuração; um tipo de delegação de autoridade, em que o procurador fala ou age em nome daquele a quem representa.

Pedro exerceu esta autoridade, no caso do paralítico, na porta do templo. Ele disse: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda." Mais tarde, ele teve que deixar claro de onde vinha o poder que ele exerceu. "Por que olhais tanto para nós, como se por nosso próprio poder [dunamis] ou santidade fizéssemos andar este homem?"

Por fim, o apóstolo teve que defender-se diante do sumo-sacerdote. Eles perguntaram: "Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?" Pedro respondeu: "Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno […], em nome desse é que este está são diante de vós." Em outras palavras, nada disto tem a ver conosco. Nós estamos aqui no papel de representantes/procuradores de Cristo.

Merece destaque, também, o fato de que Jesus delegou a sua autoridade sobrenatural, aos discípulos, de forma bem ampla. Além autoridade para curar enfermos e expulsar demônios, deu-lhes, também, autoridade para: pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, sem que nada lhes fizesse dano; pegar em serpentes; e para beber coisas mortíferas, sem sofrerem danos.

Marcos nos apresenta, também, o episódio em que Jesus fala com a figueira infrutífera: "Ninguém coma mais do seu fruto". No dia seguinte, os discípulos notaram que a figueira estava seca. E Jesus, respondendo, disse-lhes: "Tende fé em Deus; Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito."

Neste episódio, não há uma referência clara à autoridade, todavia o texto nos interessa por tratar de uma parte importante da autoridade sobrenatural. Refiro-me à autoridade sobre as coisas inanimadas, que Jesus exercitou ao amaldiçoar a figueira ou ao repreender o vento e o mar. Nesta passagem, vemos que mesmo esta parte da autoridade sobrenatural pode ser exercida pelos discípulos.

Importa ressaltar que, no Novo Testamento, constam tanto a delegação quanto o exercício efetivo dessa autoridade, por parte dos discípulos. Já mencionamos ai o caso de Pedro, desempenhando essa autoridade para curar enfermos. Um dos evangelhos também ressalta a alegria de setenta e dois discípulos enviados por Jesus: “Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome”, disseram eles.

Jesus havia dito "pegarão em serpentes" e isto efetivamente aconteceu com o apóstolo Paulo, na ilha de Malta. Não há nenhum relato dos apóstolo falando com objetos inanimados, como o mar ou o evento, mas temos Pedro falando com o corpo morto de Tabita: “Tabita, levanta-te." Temos, também, um relato do tipo no Antigo Testamento, com Josué dando ordem ao sol e à lua; e sendo obedecido.

Tudo isto nos mostra que embora a autoridade sobrenatural seja inerente à pessoa de Cristo, ela tem estado à disposição dos seus discípulos e servos, por delegação, ao longo das eras. Não tenho motivo para crer que o mesmo não valha para o nosso tempo, porque, até hoje, nunca encontrei um argumento bíblico contra a contemporaneidade dos milagre capaz de se sustentar em pé por muito tempo.