Descanse das suas obras

October 10, 2024

Descanse das suas obras e deixe Deus trabalhar por você

Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus; pois todo aquele que entra no descanso de Deus, também descansa das suas obras, como Deus descansou das suas.

Neste texto, Deus nos chama a descansar de nossas obras – do nosso esforço próprio – , assim como ele descansou das suas. Este é um texto difícil de entender, a primeira vista. Pode parecer um chamado à inatividade, mas não é bem assim. Trata-se, apenas, do fim do nosso trabalho, como condição para que Deus possa fazer o trabalho dele em nós.

O apóstolo Paulo escreveu, em uma de suas cartas: “Sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles [os outros apóstolos]; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo.” Paulo diz que trabalhou mais do que os outros, para logo em seguida se retratar. Na verdade, não foi ele que trabalhou, mas a graça de Deus com ele. Ele não fez o que fez por meio do esforço próprio, mas a graça de Deus trabalhou com ele, ou, por meio dele (de fato, creio que ninguém poderia ter feito o que Paulo fez, a não ser por meio da graça de Deus).

Em outro lugar, o apóstolo escreveu: “Não que possamos reivindicar qualquer coisa com base em nossos próprios méritos, mas a nossa capacidade vem de Deus.” Mais uma vez, o apóstolo reconhece que por mérito próprio, não tem direto à nada, porque nada ele fez por esforço próprio. Antes, a sua capacidade veio de Deus. Foi Deus que lhe deu a capacidade para fazer o que ele fez. Essa é a nossa condição, enquanto cristãos. Não podemos reivindicar nada, diante de Deus, com base em nossos méritos.

Em outra passagem, ele disse: “É Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.” Veja a que ponto chega a nossa dependência de Deus e descanso de nós mesmos. Inclusive o nosso querer, isto é, a nossa motivação para agir, vem de Deus. Ele efetua em nós tanto o querer quanto o realizar. Ele coloca o desejo em nosso coração, e nos dá a capacidade para realizar o que desejamos. Somos nós que queremos, somos nós que realizamos, mas por meio de Deus. Ou, melhor, é Deus, por meio de nós.

Em outra de suas cartas, o apóstolo escreveu: “Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim.” Paulo, a exemplo dos bravos guerreiros do passado, também lutava conforme a força de Deus. Repare na semelhança desta afirmação do apóstolo, com a promessa de Deus aos israelitas: “O Senhor, o seu Deus, o acompanhará e lutará por você contra os seus inimigos, para dar‑lhe a vitória”. É Deus quem luta por nós! Aleluia!

Em outra passagem, mais conhecida, o apóstolo ressalta que o poder de Deus se aperfeiçoava na sua fraqueza, de modo que quanto mais fraco, mais forte ele era em Deus. Eu creio que, na verdade, primeiramente, o poder de Deus se aperfeiçoa no nosso descanso. Quando não descansamos em Deus, quando nossas obras afloram, Deus abate a nossa força, isto é, nos enfraquece, para poder agir por meio de nós.

Por último, gostaria de fazer referência à carta de outro apóstolo, no caso, do apóstolo Pedro: “Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo.” O apóstolo está dizendo que, se queremos servir a Deus, devemos fazê-lo não com as nossas próprias forças, mas com a força que Deus provê. A provisão de Deus é tão abrangente, que inclui a nossa força para o trabalho. Tudo vem de Deus! O Deus que nos chama a servi-lo nos provê a força necessária para fazê-lo.

A conclusão do que estamos falando é que não devemos fazer nada, absolutamente nada, em nossa vida cristã, pelas nossas próprias forças. Devemos descansar das nossas obras, isto é, do nosso esforço próprio, e agir pela força de Deus. Em outras palavras, para que Deus possa agir por meio de nós, nós devemos descansar nele.

“Portanto, esforcemo‑nos para entrar nesse descanso, a fim de que ninguém venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência.”