Os primeiros frutos do Espírito

March 2, 2024

Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.

Quais seriam estes primeiros frutos do Espírito de que fala o apóstolo Paulo? O próprio texto nos responde, uma vez que, a partir dele, sabemos em que consiste a totalidade desses frutos: a nossa adoção como filhos e a redenção do nosso corpo.

Que tenhamos os primeiros frutos do Espírito, portanto, só pode significar que já temos, agora, uma parte — ainda que ínfima — dessa totalidade. Já recebemos, portanto, uma parcela da nossa adoção como filhos; os primeiros frutos da redenção do nosso corpo.

Um pouco antes, o apóstolo afirma que a natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Esta liberdade gloriosa dos filhos de Deus é uma clara referência a nossa adoção como filhos — a redenção dos nossos corpos. É uma gloriosa liberdade da escravidão, da corruptibilidade e da morte. Em vista do que estamos estudando, se recebemos os primeiros frutos do Espírito, já recebemos, em parte, essa gloriosa liberdade.

Repare que, neste texto, além da natureza criada, só quem recebeu os primeiros frutos do Espírito geme, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos. Todos aqueles que não degustam dos primeiros frutos, não partilham desse anseio pela totalidade da bênção — porque não conhecem o sabor da liberdade gloriosa.

Em que consiste, portanto, os primeiros frutos da nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo? Nesta passagem, o apóstolo afirma que nós seremos adotados como filhos, quando nossos corpos forem redimidos. Todavia, pouco antes, ele afirma que a natureza aguarda que os filhos de Deus sejam revelados.

Já somos filhos! Já fomos adotados! Só falta agora a manifestação dessa adoção por meio da redenção dos nossos corpos. Devemos nos lembrar que essa manifestação completa corresponde à totalidade da obra do Espírito. Se já recebemos os primeiros frutos, uma parte da redenção do nosso corpo já se tornou manifesta em nós.

De que forma uma parte da redenção dos nossos corpos já se tornou manifesta? Penso que a resposta para esta questão encontra-se na seção anterior da carta, no trecho transcrito abaixo:

Mas se Cristo está em vocês, o corpo está morto por causa do pecado, mas o espírito está vivo por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que
ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mortais, por meio do seu Espírito, que habita em vocês.

Nós já fomos redimidos em Cristo. Nós morremos com ele e, em termos legais, já fomos totalmente redimidos. A morte não tem mais domínio sobre nós. Nós recebemos o Espírito Santo, que já começou a operar a nossa ressurreição, dando vida aos nossos corpos mortais.

Nosso corpo ainda é mortal — ainda sofre com os efeitos da queda — , más já recebeu uma infusão gloriosa da vida de ressurreição. Os primeiros frutos da redenção dos nossos corpos tornaram-se gloriosamente manifestos em nós.