Leve a oração a sério

February 27, 2024

Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos.

Este versículo afirma que Deus não ouve a oração em desacordo com a sua vontade, para logo em seguida dizer que sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos. Pense comigo, só tem um jeito de saber que ele nos ouve em tudo: é sabendo que sempre oramos de acordo com a sua vontade.

O cristão não tem o direito de orar sem saber se é a vontade de Deus lhe conceder o que pediu. Ele não pode dizer, como muitos dizem: vamos orar, se for da vontade de Deus ele vai fazer, se não for ele não vai fazer. Não! Se não for a vontade de Deus, ele nem mesmo ouvirá. Em outras palavras, é uma oração inútil; uma oração que não deveria ter sido feita.

Segundo este versículo, nós, cristãos, devemos orar todas as vezes segundo a vontade de Deus, para todas as vezes saber que fomos ouvidos e todas as vezes saber que temos o que dele pedimos. Ao comentar este versículo, Calvino se apercebeu deste fato. Ele escreveu: "os santos oram ou pedem a Deus por nada mais senão pelo que obtêm".

Os santos não oram por nada mais! Eles não oram para tentar; não oram para não obter; e não oram por orar. Os santos oram apenas pelo que obtêm. Eles levam a oração a sério e não estão para brincadeira, quando oram. Pedem pelo que creem que Deus dará, pedem crendo que receberam e terminam a oração sabendo que já têm o que pediram.

Este versículo demanda do cristão um compromisso absoluto com a eficácia da oração. De forma alguma ele nos instrui a orar e deixar o nosso pedido nas mãos de Deus, para ele nos conceder se for da sua vontade. Ao contrário, ele nos ensina orar e receber das mãos de Deus o que pedimos; e a sair da sua presença sabendo que temos o que dele pedimos.

A oração não respondida é um mal terrível. A W Tozer aborda essa questão em seu livro Cultivando um Diálogo com o Eterno. Abaixo, transcrevo alguns trechos:

A oração não respondida causa danos significativos a uma congregação ao longo do tempo. Ela tende a esfriar e desencorajar as pessoas que oram. Tornamo-nos como uma criança petulante que não espera obter o que pede, mas continua reclamando mesmo assim. ​A oração não respondida destrói a expectativa. Somos tentados a ficarmos frios em nossos corações e desanimarmos.
Quando a Igreja ora por uma mulher doente, mas ela permanece doente ou morre, ou quando a Igreja ora por libertação mas nunca a obtém, nossa incredulidade natural é confirmada em nossas mentes. Somos tentados a aceitar a oração não respondida como algo normal. ​A oração sem resposta apoia a ideia de que a religião é irreal, que é subjetiva, sem nada de verdade por trás dela.
A oração não respondida dá muitas oportunidades para o inimigo blasfemar. O inimigo ama a blasfêmia e é um blasfemo obsceno. Se ele conseguir fazer os cristãos uivarem para o alto céu por semanas a fio, e depois constatar que eles nunca recebem uma resposta, então ele alcançou seu objetivo. A oração não respondida deixa o inimigo na posse do campo.
Ter orações enviadas ao céu que voltam vazias é como enviar um exército sem armas. É como sentar para tocar piano sem dedos. É como enviar um lenhador para a floresta sem um machado. É como enviar um agricultor para o campo sem um arado. A obra de Deus permanece parada.
Temos essa psicologia de falta de expectativa e derrotismo crônico, apesar do fato de que Cristo está à destra de Deus, olhando ansiosamente e pronto para nos ajudar, de que o poder do Espírito Santo está bem aqui em nosso meio. Por que não conseguimos acreditar? Arrependamo-nos e peçamos a Deus que afaste a névoa que nos envolve, que tire a poeira de nossas almas e nos ajude a ousar acreditar novamente.