Sabemos que temos o que pedimos em oração

February 26, 2024

E, se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos.

Ao dizer que já temos o que pedimos a Deus em oração, João apenas reproduziu o que aprendeu no seu tempo de discípulo, quando Jesus lhes dissera: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam.

John Stott aponta esta conexão ao escrever que “o [verbo no tempo] presente ‘temos’ é notável, e é uma reminiscência de Mc 11:24, onde se nos diz que creiamos que já recebemos (elabete) o que pedimos, e assim será (estai).Em seu comentário, Stott também cita um tal de Plummer, que escreveu a seguinte afirmação: “As nossas petições são-nos concedidas imediatamente, os resultados da concessão são percebidos no futuro.

Sendo assim, é uma verdadeira lástima que uma tradução moderna das escrituras, como é o caso da NVT, traduza este versículo como: “E, uma vez que sabemos que ele ouve nossos pedidos, também sabemos que ele nos dará o que pedimos.” Ora, uma coisa é saber que já temos o que pedimos, outra coisa bem diferente é saber que ele nos dará.

O ensino de Jesus diz respeito ao que fazer quando oramos — creiam que já o receberam — e o ensino de João diz respeito à nossa resposta: sabemos que temos o que dele pedimos. Eu já mencionei, em outro sermão, o exemplo de George Muller, que não tinha nada para o café da manhã do seu orfanato. Ele sentou as crianças na mesa, agradeceu a Deus pelos alimentos e em seguida eles chegaram, milagrosamente.

Quando eu era garoto, fui muito tocado, também, por um testemunho que li em uma revista cristã. Era o testemunho de cura de Kenneth Hagin, que se deu com fundamento em Marcos 11:24. Ele confiou que já tinha recebido a cura, mesmo sem nenhuma evidência. Levantou-se do leito onde convalescia e retomou a sua vida, ainda padecendo dos sintomas da sua doença incurável, até que a cura aconteceu.

O que teria acontecido se na versão de sua Bíblia estivesse escrito “creiam que o receberão” em vez de “creiam que já o receberam”? [Por este motivo, prefira sempre as versões das escrituras mais literais e fieis ao texto original.]

Podemos dizer que tanto George Muller quanto Keneth Hagin sabiam que já tinham o que pediram de Deus, mesmo que isso fosse contraditório ao que seu olhos viam. No caso de Muller, os pratos estavam vazios, no caso de Hagin, os sintomas da doença ainda estavam lá, mas eles trataram essas condições como vaidades mentirosas; como uma realidade transitória, que daria lugar ao que Deus disse.

Outra coisa que eles fizeram foi adotar uma postura radical, face à promessa de Deus. Se eu tenho o pão que pedi do Senhor, mesmo sem vê-lo, o que me impede de sentar a mesa para comê-lo? Se eu tenho a cura que recebi do Senhor, mesmo sem vê-la, ó que me impede de me levantar deste leito?

A outra opção que eles tinham era esperar, até que a realidade estivesse de acordo com o que eles tinham recebido de Deus. Essa sem dúvida seria a opção que alguém como Stott recomendaria, penso eu, e pode ser a única opção em alguns casos. Jonas, no ventre do peixe, por exemplo, nada poderia fazer a não agradecer pelo livramento e esperar, até que as vaidades vãs se dissipassem.

Agora, e quando podemos fazer algo? Muller poderia ter esperado até que os pães chegassem milagrosamente, antes de juntar as crianças no refeitório, mas será que o pão teria chegado? Hagin poderia ficar no leito, descansando em Deus, até os sintomas cessarem, mas será que teriam cessado? Ou eles receberam por que deram esse passo de fé?