Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome […] imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados.
Segundo este texto, os que crerem imporão as mãos sobre os enfermos, e estes ficarão curados. Notem que aqui fala da cura por meio da fé de quem impõe as mãos, e não por meio da fé do enfermo.
Sabemos que a fé do enfermo também é importante, a partir de outros textos, mas neste sermão veremos que a fé de quem impõe as mãos é a que mais conta. Antes, gostaria de ressaltar que este não é um texto isolado; ele é corroborado por outros, conforme veremos.
Tiago escreveu basicamente o mesmo, quando disse que a oração de fé do presbítero curará o enfermo. Também Paulo, ao escrever sobre os dons espirituais — que inclui o dom da curar — , diz que estes devem ser usados na proporção da fé de cada um. Todos estes textos têm em comum o fato de abordar a fé de quem ministra a cura, e não a fé de quem recebe.
Agora, reparem que este fato é pouco destacado por pregadores e teólogos. Em geral, a ênfase sempre recai na fé dos enfermos, quer para acusá-los, quer para defendê-los.
De um lado, temos os acusadores, geralmente ministros de cura insensíveis, culpando os enfermos de não terem sido curados por incredulidade. De outro lado, temos teólogos super sensíveis, defendendo-os, diminuindo a importância da fé e ressaltando a soberania de Deus — porque Deus cura quem ele quer!
Notem que o primeiro grupo culpa os enfermos, e o segundo grupo culpa a Deus, mas nenhum culpa a si mesmo, por não terem a fé que opera prodígios, sendo que essa é a verdadeira causa pela qual não vemos milagres em profusão, nos dias atuais.
Aqueles que diminuem a importância da fé, no processo de cura divina, apontam exemplos de enfermos que foram curados por Jesus, que nem ao menos sabiam quem ele era; que dirá crerem nele!
Quanto à isto, eles estão certos, mas não quanto à conclusão, porque embora seja realmente possível apontar exemplos de enfermos curados sem fé, é impossível apontar uma única pessoa curada por um ministro que não crê.
A fé do ministro não é dispensável, muito pelo contrário; a própria qualidade da fé requerida é maior. A fé para operar milagres não é outra, senão aquela fé — isenta de dúvidas— capaz de mover os montes e as amoreiras para o mar.
É a fé que Jesus ensinou para os seus discípulos em particular ao longo de todo o seu ministério e na qual a maioria deles foram reprovados no início — o que nos mostra que não é uma fé fácil de alcançar.
Uma dessas vezes foi quando falharam em expulsar o demônio de um menino. Nesta ocasião, os discípulos se aproximaram de Jesus em particular e perguntaram: Por que não conseguimos expulsá-lo? Ele respondeu: Porque a fé que vocês têm é pequena.
Vejam, no fim os discípulos superaram a barreira da fé pequena, mas não sem antes reconhecerem o problema, a saber, que a baixa qualidade da fé DELES estava sendo um empecilho para a operação de milagres.
Reparem que o pai do menino também enfrentou problemas com a sua fé, mas, aos discípulos, Jesus não mencionou essa como um das causas do problema. O problema não era a fé dos enfermos, era a fé dos ministros.
Não existe incredulidade pior do que aquela disfarçada de piedade, e respaldada por uma teologia enganosa, como essa que aponta a soberania de Deus como causa da falta de milagres nos dias atuais, ou aquela que culpa a falta de fé dos enfermos.
É mais fácil e confortável dizer que os milagres não estão acontecendo porque Deus não quer ou por culpa dos enfermos, do que reconhecer o óbvio:
Os milagres não estão acontecendo por nossa culpa, porque nos falta a fé necessária para impor as mãos sobre os enfermos e eles serem curados, como Jesus prometeu.