Antes que viesse essa fé, estávamos sob a custódia da Lei, nela encerrados, até que a fé que haveria de vir fosse revelada.
O caminho da fé para alcançar as promessas nos foi especialmente revelado no período do Novo Testamento. Isto não significa que a fé não estivesse disponível antes, só que ainda era um mistério para a maioria.
Mesmo assim, em Hebreus 11 há uma lista de grandes heróis da fé do Velho Testamento, que já exibiam esta fé que haveria de vir. Estes grandes homens e mulheres de Deus são um exemplo para nós, porque viveram antecipadamente o que se espera que nós vivamos agora.
A fé que haveria de vir, no caso deles, já veio; já foi revelada a nós, conforme escreveu o apóstolo Paulo. Que eles tenham vivido pela fé, antecipadamente, é admirável; no nosso caso, é obrigação. Nosso Senhor Jesus Cristo espera mais de nós, para quem esta fé foi revelada, do que esperava das pessoas do Velho Testamento, para quem a fé ainda era um mistério.
Na Bíblia há dois relatos muito parecidos, de embarcações à beira de um naufrágio, um no Antigo e um do Novo Testamento, que ajudam a demonstrar o que acabei de dizer.
O primeiro relato está registrado no Salmo 107, nos versículos 23 a 30, conforme transcrito abaixo:
Fizeram-se ao mar em navios, para negócios na imensidão das águas, e viram as obras do Senhor, as suas maravilhas nas profundezas. Deus falou e provocou um vendaval que levantava as ondas. Subiam aos céus e desciam aos abismos; diante de tal perigo, perderam a coragem [o tino].
Cambaleavam, tontos como bêbados, e toda a sua habilidade foi inútil. Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e ele os tirou da tribulação em que se encontravam. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, ele se alegraram, e Deus os guiou ao porto almejado.
O segundo relato é muito mais conhecido, porque os personagens são os discípulos de Jesus, e está registrado em Mateus, nos versículos 23 a 27:
Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Senhor, salva-nos! Vamos morrer!”
Ele perguntou: “Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?” Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança. Os homens ficaram perplexos e perguntaram: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?”
Veja como os dois relatos são muito parecidos em essência. Em ambos, encontramos pessoas surpreendidas por uma violenta tempestade no mar. Ambos os grupos ficaram desesperados e clamam ao Senhor por ajuda e todos são ouvidos pelo Senhor, que fez cessar a tempestade.
Qual a diferença entre ambos os relatos? A diferença é que, no relato do Novo Testamento, o medo dos discípulos é recriminado por Jesus, como sintoma de pequena fé. É como se, desta vez, o Senhor esperasse um comportamento diferente dos seus discípulos.
O que mais os discípulos poderiam fazer, além de clamar a Cristo por ajuda? Em primeiro lugar, eles não deveriam temer. Em segundo lugar, eles deveriam fazer o que Cristo fez. Deveriam repreender a tempestade, com a fé que move os montes. É o que o Senhor esperava deles, neste novo tempo da fé.