Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem duas mentes e é instável em tudo o que faz.
Precisamos entender, queridos irmãos, em que condição a dúvida na oração nos coloca diante de Deus. Orar apresentando nossos pedidos a Deus é, de todas as atividades do cristão, uma das mais importantes e satisfatória. Isto, desde que recebamos o que pedimos, porque, do contrário, será uma experiência frustrante.
Imagine a vida da pessoa que ora, mas não recebe coisa alguma do Senhor. Que futuro a vida cristã lhe reserva, privada da provisão divina? E, no entanto, essa é, tristemente, a situação de muitos cristãos nos dias atuais. Os céus estão fechados para eles, por causa da dúvida.
Estão fadados a vagarem ao sabor do vento, como uma onda no mar. Este não é o vento da providência divina, que sempre leva a bom porto. Este tampouco é o vento do Espírito, que sopra onde quer. Este é o vento das circunstâncias, do qual são reféns os incrédulos!
Não que a pessoa que ora com dúvida seja um incrédulo, porque incrédulos não oram; mas enquanto não resolver a questão da dúvida, estará em condição parecida diante de Deus. O problema não é que esta pessoa não creia, o problema é que ela tem duas mentes: uma que crê e outra que duvida.
É como se houvesse um crente e um incrédulo morando dentro do coração dessa pessoa, tornando-a instável em tudo o que ela faz. O que a mente crente deseja fazer, a mente incrédula sabota. A mente crente faz essa pessoa dobrar os joelhos para orar, mas a mente incrédula impede que ela receba o que pediu.
Mas isto não é comum a todos os cristãos? Todos nós igualmente não somos assediados o tempo todo pela dúvida? Será possível termos uma única mente que apenas confie? Tiago não apenas nos indica que sim, como também nos mostra o caminho:
Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm duas mentes, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.
Uma pessoa com duas mentes tem um coração impuro, porque dele procede fé e incredulidade ao mesmo tempo, como se uma mesma fonte pudesse produzir água doce e amarga. Pode até que seja possível, mas a água produzida não será boa para beber, porque a água doce será envenenada pela amarga.
Eu mesmo já pedi para Deus olhar apenas para a minha fé e não levar em conta as minhas dúvidas, porque eu não conseguia controlá-las; não conseguia impedir que esses pensamentos brotassem em minha mente e contaminassem o meu coração. Em minha ingenuidade eu pensava que Deus pudesse relevar a parte ruim e ficar com a parte boa.
Mas a proposta de Deus é outra, pelo que estamos vendo. Ele quer nos livrar desses maus pensamentos, que colocam em xeque a sua fidelidade, e nos dar uma mente estável e confiante nas suas promessas. Ele quer nos dar um coração puro e bem aventurado, porque só os puros de coração verão a Deus!
No entanto, nós não obtemos um coração puro da mesma forma como alcançamos a sabedoria. Para obter a sabedoria, basta com pedir ao Senhor com a fé de um coração puro e o Senhor nos dará. Agora, como alcançar um coração puro, se não temos essa fé que pede e recebe?
Devemos pedir com um coração quebrantado e arrependido, como nos ensinou Tiago. Quando foi a última vez que você se entristeceu, lamentou e chorou por causa do seu coração impuro, na presença de Deus? Qual foi a última vez que você trocou o riso por lamento e a alegria por tristeza?
Irmãos, se não temos uma fé pura para apresentar diante do nosso Deus em oração, só nos resta apresentar um desespero genuíno pela nossa condição perante ele. "Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás."
Com este tipo de coração quebrantado, devemos orar com súplicas e ações de graça como Davi orou:
Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.
Precisamos de um coração puro, como este, de onde proceda apenas as doces águas da fé, para podermos receber o que pedimos em oração; e precisamos de um espírito estável e inabalável, para não sermos mais pessoas instáveis e oscilantes, levadas de um lado para o outro pelo vento das circunstâncias.