Orar segundo a vontade de Deus

December 31, 2023

[14] Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. [15] E, se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos.

Este texto é muito usado para justificar o nosso fracasso na oração, como não sendo a vontade de Deus nos dar o que pedimos, mas será que podemos usá-lo nesse sentido? Eu entendo que não, por duas razões.

A primeira é que esta oração em desacordo com a vontade de Deus só pode ser uma oração ímpia, porque nem ao menos é ouvida. A segunda é porque o versículo seguinte nos diz que: sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos.

Ora, como podemos saber que ele nos ouve em tudo o que pedimos? A partir deste texto, só me ocorre um jeito: Sabendo que pedimos tudo de acordo com a sua vontade. Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus.

Diante do túmulo de Lázaro, Jesus orou: “Pai, eu te agradeço porque me ouviste. Eu sei que sempre me ouves”. Nós, cristãos, igualmente devemos saber que o Pai sempre nos ouve, para que nossas orações sejam efetivas.

Orar em desacordo com a vontade de Deus, portanto, é uma oração pecaminosa, que ofende a glória de Deus. É o tipo de oração que pede por motivos errados, para gastar prazeres carnais [v. Tiago 4] ou que pede aquilo que um cristão nascido de novo jamais pediria.

Não podemos atribuir este tipo de oração a Jesus, por exemplo, quando pediu ao pai para não beber o cálice da ira, ou a Paulo, quando pediu a remoção do espinho na sua carne, porque ambos foram ouvidos.

Também não podemos atribui-la a Moisés, quando pediu para atravessar o Jordão, ou a Davi, quando orou para Deus poupar a criança fruto do seu adultério, porque todos estes foram ouvidos por Deus.

O tipo de oração que eles fizeram foi uma oração muito específica e ousada, que envolve pedir a Deus uma mudança no seu Decreto. Todos queriam que Deus os poupasse, que mudasse o seu Decreto, se fosse possível ou se tivesse outro jeito.

Estes personagens não tiveram êxito em mudar o decreto do Pai, mas todos eles aceitaram de bom grado a vontade de Deus para suas vidas e de modo algum pediram em desacordo com a vontade de Deus.

Porque é a vontade de Deus que oremos inclusive para ele voltar atrás na sua decisão. Por que faríamos isso se esses grandes homens de Deus não conseguiram mudar o Decreto de Deus? Eles não conseguiram, mas outros sim.

Talvez o caso mais conhecido seja o de Ezequias, que ao saber que iria morrer, pelo profeta Isaias, orou intensamente a Deus para ser poupado. No mesmo instante, o profeta voltou e disse que Deus tinha lhe dado mais quinze anos.

No entanto, a Bíblia tem vários outros casos assim, de pessoas ousadas que reverteram o não de Deus. Pessoas como Maria, a quem Jesus disse que sua hora ainda não tinha chegado, ou a mulher sirofenicia, a quem ele disse que tinha vindo para os judeus.

Estas orações não se confundem com a oração que João nos ensina no texto bíblico que estamos estudando. Nesta oração, não buscamos reverter nada, antes pedimos aquilo que sabemos ser a vontade de Deus.

Neste tipo de oração, devemos nos aproximar de Deus com confiança, sabendo que ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos.

João está nos falando aqui da oração de fé, que ele tinha aprendido com Cristo no monte das Oliveiras. Aquela oração em que o pedinte sai da presença de Deus crendo que recebeu o que pediu dele.