O evangelistas Marcos relata um episódio em que, no auge do seu ministério, Jesus voltou a Nazaré e começou a ensinar os seus conterrâneos na sinagoga. Os nazarenos ficaram impressionados com os milagres que Jesus realizava, mas algo os escandalizava: o fato de conhecerem Jesus. Como era possível que ele fizesse tais coisas, se era o filho do carpinteiro? Se era filho de Maria e irmão de Tiago, José, Simao e judas?
Jesus lhes disse, então, a célebre frase: "Um profeta não tem honra na sua própria casa".
Por fim, Marcos escreve:
E não pode fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. E ficou admirado com a incredulidade deles.
Não consta nas escrituras nenhum episódio em que alguém tenha ido até Jesus, em que Jesus tenha ministrado a cura e a cura não tenha acontecido por falta de fé. Não consta que Jesus tenha dito para alguém: "Você não foi curado por causa da sua incredulidade".
Não. Se a pessoa não tinha fé, antes de ministrar a cura, Jesus lidava com a falta de fé daquela pessoa. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o pai do menino endemoninhado, que pediu para Jesus libertar o seu filho, mas estava com a fé abalada.
Jesus notou a falta de fé nas palavras daquele pai: "Se podes, liberta o meu filho". Antes de libertar o menino, Jesus cuidou primeiro de restaurar a fé daquele homem. Jesus lhe disse: "Se podes? Tudo é possível ao que crê." "Eu creio", respondeu aquele pai. "Me ajuda a vencer minha incredulidade."
Então, quando a palavra diz que Jesus realizou nenhum milagre em Nazaré, não significa que as pessoas tenham ido até Jesus, mas não receberam a cura por causa da incredulidade. Pelo contrário, o texto diz que Jesus impôs as mãos sobre alguns doentes e os curou.
Isto mostra que o motivo de Jesus não ter realizado milagres ali foi pelo simples fato das pessoas não o terem procurado para ministrar a cura. E não o procuraram por causa da incredulidade. Uma incredulidade que tinha a motivação mais tola do mundo. Eles não criam em Jesus porque Jesus tinha crescido na cidade deles.
Se Jesus fosse um desconhecido, que tivesse chegado na cidade envolto numa áurea de mistério e histórias fabulosas, certamente todos os enfermos de Nazaré teriam vindo a ele para serem curados. Como era um nazareno, como eles, filho do carpinteiro da cidade, eles não conseguiam aceitar que Deus o pudesse usar tão poderosamente.
Com este episódio, nós aprendemos que não procurar Jesus para sermos curados é um grande sinal de incredulidade. É melhor procurar Jesus, com dúvidas no coração, e deixar Jesus usar essa situação para fortalecer a nossa fé, do que simplesmente não procurá-lo, porque todos os que o procuraram foram curados, mesmo os que estavam com a fé abalada.