Nem tudo o que brilha é ouro. Você já ouviu falar do ouro dos tolos? É uma imitação conhecida como pirita, que só tem aparência de ouro, mas não é ouro e não vale nada. De igual modo, nem tudo o que parece fé, é fé. Existe, também, a fé dos tolos.
O apóstolo Pedro escreveu que é necessário que nós sejamos entristecidos por todo tipo de provação, para que fique comprovado que a nossa fé, muito mais valiosa do que o ouro, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína.
A nossa fé é muito mais valiosa do que o ouro. Em sua passagem por este mundo, não consta que Jesus tenha ficado particularmente impressionado com pedras preciosas… mas como ele admirava quando via a fé brotar no coração das pessoas!
Como no caso do ouro, o que revela se a nossa fé é genuína é a prova do fogo. Nossa fé é submetida à provação, para que fique comprovado que ela é genuína. A falsa fé — a fé dos tolos — é consumida pelo fogo, enquanto que a fé genuína brilha e brilha cada vez mais.
Somos entristecidos por todo tipo de provação, diz o apóstolo, o que nos mostra que passar por provações nunca é fácil, mas é necessário. A provação não apenas comprova que nossa fé é genuína, como também a purifica e torna mais resistente.
O apóstolo Tiago escreveu que a prova da nossa fé produz em nós perseverança. Não um tipo qualquer de perseverança, obviamente, mas perseverança na fé, porque a nossa fé só tem valor quando perseverante. A fé genuína é aquela que persevera na provação.
A mesma palavra que diz que todo aquele que crer será salvo, também diz que aquele que perseverar até o fim— a despeito das provações e perseguições— será salvo. Não significa que existam duas condições para a salvação, mas apenas uma: a fé perseverante.
Deus deixa isto claro, na carta aos Hebreus, quando diz: "Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele." Quando diz que o justo viverá pela fé, Deus está falando em uma fé resistente, que não recua; que não volta atrás.
Perseverar na fé, nas palavras do apóstolo Paulo, significa nos "apegarmos até o fim à confiança [fé] que tivemos no princípio." Ainda segundo o apóstolo, significa nos apegarmos firmemente à palavra que nos foi pregada, caso contrário teremos crido em vão [fé dos tolos].
A fé dos tolos é esta fé que crê em vão, porque não persevera até o fim ou porque é oscilante. Falando sobre a oração, o apóstolo de Tiago nos ensina a pedir com fé, sem duvidar, "pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento".
Ele prossegue dizendo: "não pense tal pessoa [a que duvida] que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que faz." O apóstolo não poderia ter sido mais claro, não poderia ter sido mais direto do que foi nesta passagem.
[Diante de algumas divergências doutrinárias, eu me flagro pensando que Deus poderia ter sido mais claro em algumas passagens nas escrituras. Olhando para textos como este, concluo que por mais direta que as escrituras sejam, as pessoas seguirão polemizando.]
Mente dividida, nesta passagem, é uma tradução do termo grego dipsychos, provavelmente cunhado pelo próprio apóstolo e que significa duas (di) mentes (psichos). Com esta expressão o apóstolo pretende rotular as pessoas — inclusive cristãs — que creem, mas que também duvidam.
A pessoa que vive a fé desta maneira, sempre oscilando entre o crer e o duvidar, não receberá coisa alguma da parte do Senhor. Eu penso que esta é a resposta para a falta de resposta às orações, no tempo em que estamos vivendo.
A julgar pelo resultado de nossas orações, eu diria que estamos vivendo uma epidemia global de dipsychos. O que chamamos de fé é, na verdade, uma fé dos tolos, que parece fé, que brilha como a fé, mas que não é fé, porque não resiste à prova do fogo.
Trata-se de uma fé oscilante que começa crendo, depois duvida, depois crê de novo e depois duvida de novo. De modo algum pode ser chamada de fé que se apega até o fim à confiança [fé] que teve no princípio.
Segundo o apóstolo, a pessoa que duvida é como a onda do mar, levada e agitada pelo vento. É uma pessoa que nunca chega a lugar nenhum, porque esta sempre sendo levada de um lado pelo outro, ao sabor das circunstâncias.
Um dos sintomas do dipsychos é a instabilidade. Segundo o apóstolo, a pessoa com mente divida é instável em tudo o que faz. Começa um projeto com fé, mas desiste dele, diante da provação, porque duvida. Assim, vai colecionando fracassos ao longo da vida.
Estão sempre oscilando, também, em sua condição espiritual, diante de Deus. Estão sempre caindo da graça e voltando para ela. Ora estão em Cristo, ora se separam dele e voltam para Adão. Ora estão debaixo da bênção, ora debaixo da maldição.
Precisamos dar um basta a esta gangorra espiritual e isto passa por reconhecermos o problema. Se você, a exemplo de muitos teólogos modernos, acha que um pouquinho de dúvida é saudável, arrependa-se enquanto é tempo.
Vocês, que têm a mente dividida (dipsichos), purifiquem o coração, escreveu Tiago. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor [reconhecendo o pecado], e ele os exaltará.
Eu tenho duas perguntas para você: a primeira é: qual foi a última vez que você duvidou, quando se empenhava em crer? E a segunda é: qual foi a última vez que você lidou com este terrível pecado com arrependimento, lamento e choro?