É para o bem de vocês que eu vou

April 17, 2023

Jesus constituiu uma verdadeira família com seus discípulos, durante o período que durou seu ministério. Todos eles deixaram tudo para trás, para segui-lo e viveram três anos intensos, compartilhando todos os momentos com o mestre, dos mais simples aos mais espetaculares. A amizade com Jesus não lhes garantia um tratamento privilegiado, espiritualmente falando, mas — sabem como é — quem é amigo do dono da festa e ajuda a servir sempre acaba comendo salgadinhos.

Jesus curou a sogra de Pedro e eu não duvido que tenha curado ou ajudado familiares dos outros discípulos. O apóstolo João escreveu que Jesus fez também muitas outras coisas e que, se cada uma delas fosse escrita, nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos.

Na companhia de Jesus, os discípulos presenciaram e vivenciaram feitos espetaculares e sobrenaturais. Pedro andou sobre as águas! Nós já ouvimos isso tantas vezes, que passamos por alto o que isso significou para aquele discípulo arretado. E não para por aí, porque este mesmo Pedro, junto com Tiago e João ficaram frente a frente com Moisés e Elias no alto do monte! E o que dizer de terem visto Jesus transfigurado!

Também fez toda a diferença ter Jesus por perto nos momentos de adversidades, especialmente quando a tempestade se abateu sobre o barco em que eles estavam. Quem não gostaria de ter sido um dos discípulos de Jesus, de viver o que eles viveram aqueles três anos? Quem não gostaria de ter sido amigo do mestre [como Lázaro, que mais tarde foi ressuscitado por ele]?

O ponto a que eu quero chegar é que discípulos foram lançados do dia para a noite em um estilo de vida regado a milagres e se acostumaram a viver assim. Então, de repente, o Jesus que tanto havia impactado suas vidas começou a abordar alguns assuntos estranhos que envolviam a sua morte. Coloque-se no lugar dos discípulos, por um momento. Só o abordar por alto esse tema devia fazer gelar a espinha de todos eles. Temiam, certamente, voltarem para as suas antigas vidas desprovidas da companhia de Jesus e, consequentemente, desprovidas de milagres.

A Bíblia diz que quando Jesus falou que estava voltando para o Pai, o coração dos seus discípulos encheu-se de tristeza, mas esse não era o sentimento que Jesus gostaria que eles sentissem. “Não os deixarei órfãos”, disse-lhes o mestre. “Voltarei para vocês.” “E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. […] Ele vive com vocês e estará em vocês.”

Jesus também lhes disse: “Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou.” Jesus estava partindo desta terra para o bem dos seus discípulos, e não para o mal deles. Seria em benefício, e não em prejuízo deles. Em outras palavras, eles só teriam a ganhar. Por um momento, os discípulos chorariam e se lamentariam, mas a tristeza logo se transformaria em alegria. Mais do que isso, eles deveriam encarar aquelas dores e sofrimento como algo bom.

“A mulher que está dando à luz sente dores, porque chegou a sua hora [não sua hora de morrer, mas de dar à luz]; mas, quando o bebê nasce, ela esquece a angústia, por causa da alegria de [seu filho] ter vindo ao mundo. Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria.”

Muitas vezes, grandes milagres são precedidos por momentos de dor e grandes vitórias são precedidas por grandes derrotas e essa máxima estava para se repetir no caso da morte de Cristo. Estava chegando a hora dos discípulos chorar, mas esse choro de tristeza seria como as dores da mulher em trabalho de parto. Seria sucedido por algo maravilhoso, um relacionamento com Cristo melhor do que o que tinham antes.

“Mais um pouco e não me verão; um pouco mais e me verão de novo.” Essa era a promessa maravilhosa de Jesus. Sua morte representaria apenas uma ausência temporária. “Naquele dia vocês não me perguntarão mais nada. Eu lhes asseguro que meu Pai lhes dará tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa.”

Carson [em seu comentário à epístola de João] expõe assim este texto: “Naquele dia, após Jesus ressuscitar e ascender e o Espírito Santo ser enviado, vocês não me perguntarão mais nada. Ao contrário, como o resto do versículo demonstra, seus seguidores pedirão ao Pai em nome de Jesus.” Ainda segundo Carson, “Eles [os discípulos] devem fazer isso em pleno reconhecimento de que esse é o caminho para a alegria que Jesus prometeu anteriormente a eles.”

Todas estas promessas, penso eu, relacionam-se com a vida dos discípulos e não apenas com o ministério deles. São a resposta de Jesus para as perguntas mais angustiantes que eles tinham, como por exemplo: Como seria quando houvesse nova tempestade no mar? E quando alguém ficasse doente, como Lázaro ficou? O que seria da vida deles sem este Jesus encarnado por perto?

A resposta de Jesus deixa claro que eles poderiam orar ao Pai em nome de Jesus e o Pai lhes daria tudo o que pedirem em seu nome. Para todos os efeitos, seria como se o próprio Jesus estivesse orando. Deste modo, a tristeza dos discípulos seria substituída pela alegria, com a ressurreição de Cristo e o derramamento do Espírito Santo. Esta alegria seria completa quando eles pedissem ao pai em nome de Jesus e o pai lhes concedesse o que pediram.

A vida dos discípulos, após Cristo voltar ao Pai, de modo algum seria inferior à vida que tinham antes e os milagres continuariam.