Familiaridade não é intimidade

June 22, 2022

Não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Não estão conosco todas as suas irmãs?
Mt 13.55–56

Você já reparou que é mais fácil crer na mensagem de um desconhecido, do que na mensagem de alguém que a gente conhece? A familiaridade com as coisas de Deus não é necessariamente algo bom e, via de regra, está associada com a incredulidade.

Pense em alguém que é novo na fé e em alguém com trinta anos de conversão e me diga qual deles tem mais fé em Deus. Deveria ser o que tem mais tempo na fé, mas, infelizmente, nem sempre é. Muitas vezes, quanto mais familiarizado a pessoa está com as coisas de Deus, maior é a incredulidade no coração da pessoa.

Diz a bíblia que Jesus não pôde realizar muitos milagres em sua cidade natal, por causa da incredulidade dos seus conterrâneos [e talvez ele não possa realizar mais milagres em nosso meio pelos mesmos motivos]. Seus conterrâneos não creram porque o conheciam, porque o viram crescer, porque conheciam seus pais e seus irmãos.

Esse é o mal do nosso tempo, o mal que afeta muitos teólogos, muitos filhos de crentes e muitos crentes “velhos”: confundir a familiaridade com intimidade. A verdade é que estar familiarizado com alguém, não significa intimidade com essa pessoa.

A familiaridade é um ambiente propício para a irreverência e para o desrespeito. Como disse Jesus, um profeta não tem honra na sua própria casa, só na casa dos outros. E quando Deus não recebe a honra devida na sua própria casa, ele procura outro lugar para abençoar.

Como disse Jesus, havia muitas viúvas em Israel, quando houve três anos de fome em toda a terra, mas Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva estrangeira. Havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, mas só foi purificado Naamã, o sírio.

Ao longo da história, Deus escolheu sair de cena muitas vezes, escolheu se ausentar até nascer uma nova geração que não o conhecesse, que não estivesse familiarizado com ele, para, então, se revelar a eles, começando uma nova relação, com o frescor característico das novas relações e do primeiro amor.

Devemos, portanto, tomar cuidado com a familiaridade, porque estar familiarizado com Deus não significa intimidade com ele, muito pelo contrário. Devemos buscar a intimidade com Deus, buscar honrá-lo como ele merece e seguir crendo nele de todo coração.

Que o Senhor nos ajude.


Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor, segundas chances.