Os israelitas tinham o direito de desertarem antes da batalha, se estivessem com medo. Em qualquer outro exército, os desertores covardes eram [e ainda são] condenados à morte, mas não no exército de Deus.
Não é tão difícil assim entender o porquê. Em qualquer outro exército, qualquer braço empunhando uma arma é útil, mesmo que seja o braço de um covarde, porque nas batalhas números são importantes… mas números não são importantes para Deus.
Gideão tinha trinta mil homens, quando mandou embora os covardes. Vinte mil homens partiram e sobraram apenas dez mil [e no fim Gideão ficou com apenas trezentos], porque Deus queria deixar claro que eles venceriam não pela própria força, mas pela força de Deus… e Deus não fortalece os medrosos e incrédulos.
Esta ordem para mandar embora os covardes faz parte da Lei acerca da Guerra, que Moisés impôs aos israelita [em nome de Deus]. Não é, portanto, uma lei de Moisés, é uma Lei de Deus. E é uma lei que vale também para nós, desde que interpretada corretamente à luz do Novo Testamento.
Porque os inimigos podem ter mudado, mas o método de batalha não mudaram.
Que as leis acera da guerra se aplicam em muitas áreas de nossas vidas é algo que muitos executivos e empresários entenderam melhor do que nós [cristãos].
Digo isto porque um dos livros mais populares do mundo corporativo se chama “A arte da guerra” e foi escrito há mais de quatrocentos anos, com conselhos sobre como obter vitória em batalhas reais… e o pior é que tem muitos cristãos que surfam nessa onda, sem ter a menor noção de que nós temos a nosso próprio manual de batalha.
E que tratado maravilhoso e poderoso o Senhor nos deixou como herança! Ouçam apenas o começo:
“Quando vocês forem à guerra contra os seus inimigos [sejam eles quais forem] e [vocês] virem cavalos e carros, e um exército maior do que o seu, não tenham medo, pois o Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito, estará com vocês. Quando chegar a hora da batalha, o sacerdote virá à frente e dirá ao exército: ‘Ouça, ó Israel. Hoje vocês vão lutar contra os seus inimigos. Não desanimem nem tenham medo; não fiquem apavorados nem aterrorizados por causa deles, pois o Senhor, o seu Deus, os acompanhará e lutará por vocês contra os seus inimigos, para lhes dar a vitória’.”
Quando o sacerdote dizia que a vitória era certa, ele não estava motivando o time, como um treinador de futebol. Não se tratava de motivação, mas de uma promessa de Deus. O sacerdote não era um coach motivacional, não tinha livros escritos sobre como vencer batalhas, nem dava palestras sobre o assunto. Ele era apenas um emissário, um oráculo de Deus.
Em nada aquelas palavras dependiam da sorte ou das circunstâncias para se tornarem real; elas era absolutamente certas. O resultado da batalha, a partir de então, não dependia mais do número do exército inimigo, da quantidade de armas ou da altura dos oponentes. Dependia de qual seria a posição daqueles homens diante da palavra de Deus.
A parte que cabia a Deus era estar com eles, era acompanhá-los e lutar por eles, para lhes dar a vitória, conforme prometeu. A parte que cabia aos combatentes era não se intimidarem, diante do tamanho do inimigo; era não terem medo; era não desanimarem; era não ficarem apavorados; e era não ficarem aterrorizados.
Resumindo, eles deveriam ter fé em Deus. Deveriam ter fé em Deus, deveriam empunhar a espada e deveriam lutar contra o inimigo. A única possibilidade de derrota estava em duvidarem da palavra de Deus e ficarem com medo. Seus verdadeiros inimigos, a partir de então, não eram homens, mas sentimentos. A luta de cada soldado era interna, contra o medo, contra a paralisia e contra o temor.
É por isto que os covardes eram mandados embora. Quanto mais longe eles estiverem da batalha, melhor. Melhor para os próprios covardes que fugiram [porque se tivessem ficado é bem provável que terminassem mortos], e melhor ainda para os corajosos que ficaram, porque estes nobres valentes não correrão o risco de serem contaminados, de serem contagiados e de serem influenciados pela incredulidade alheia.
O nosso conflito internos contra a dúvida, contra o medo, já é difícil o suficiente sem alguém do nosso lado dizendo que vamos fracassar; dizendo que vamos todos morrer. Por isto a ordem de Deus era para mandar embora os covardes.
Então é isso. Na lei da guerra de Deus, todo covarde tem o direito de fugir para onde se sinta falsamente seguro, porque não existe segurança aparte de Deus. E se Deus está no front de batalha, é onde devemos estar também, porque ali é o lugar mais seguro para estarmos. Os perigos podem ser imensos, o inimigo pode ser poderoso, mas maior é aquele que está conosco.
Os covardes iam embora e sobravam os corajosos; sobravam os que tinham fé em Deus. Estes homens de Deus venciam a batalha por eles e venciam, também, pelos covardes.
Existem muitas pessoas que, como estes medrosos, pegam carona na fé alheia e usufruem do que outros conquistaram pela fé. Sorte a deles que aquelas batalhas podiam ser travadas por terceiros, mas não é sempre assim. Existem batalhas que não podem ser terceirizadas, batalhas que se não lutarmos ninguém lutará por nós, porque são as nossas batalhas.
Podemos fugir o tempo que for, mas um dia nos encontraremos no front, com o velho inimigo adiante e teremos que encontrar, dentro de nós, a fé necessária para vencê-lo. Deus está do nosso lado, ele nos dará a vitória. Tão somente creia e lute, lute mesmo ferido e, se cair, levante…
e siga lutando.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.