No relato da tempestade no barco [aquele em que Jesus estava dormindo tranquilamente] Jesus recriminou o medo dos seus discípulos, como se, deles, Jesus esperasse um comportamento diferente, algo mais próximo do seu próprio comportamento; esperava, talvez, que eles conseguissem dormir um pouco, apesar de toda a tempestade lá fora… porque o trabalho do reino é cansativo.
O próprio Jesus deveria estar exausto [para não acordar com toda aquela tempestade, não é?]. Talvez por isso ele tenha ficado bravo quando os discípulos o acordaram. Ele usava o pouco tempo que tinha entre uma ministração e outra, para descansar um pouco… e se os seus discípulos tivessem um pouco de fé, fariam o mesmo.
Eles deveriam confiar em Deus [que Deus os guardaria] e não se assustar com qualquer rugido. O Deus em quem eles criam acalmaria a tempestade… ou não… porque [ai que está] naufrágios também acontecem com pessoas de fé. Que o diga o apóstolo Paulo, que sobreviveu a [nada menos que] três naufrágios. Tem noção do que é isso? Três naufrágios!
Foram três vezes que Deus não acalmou a tempestade; três vezes que Deus não protegeu o barco em que ele estava; três vezes em que, por alguma razão, foi a vontade de Deus que ele ficasse a deriva no mar, sendo que em uma dessas vezes ele passou uma noite inteira e um dia inteiro exposto à fúria do mar [😱]. Paulo não tinha fé? É claro que tinha!
O livro de Atos relata um desses naufrágios. Nesta narrativa encontramos o apóstolo no controle da situação. Paulo sabe de antemão que sofrerá o naufrágio e orienta os tripulantes [com a calma de Cristo] sobre o que devem fazer para que todos se salvem. O naufrágio acontece, conforme o previsto… e ele enfrenta as ondas bravias do mar e sobrevive [porque Deus é com ele].
Ai você pensa que o pior já passou, que tudo o que poderia acontecer de ruim já tinha acontecido… mas aí, já em terra, em aparente segurança, ele é picado por uma víbora com veneno mortal. E ai o que o apóstolo faz? Em vez de murmurar, em vez de suplicar desesperado pela sua vida ele apenas sacode a cobra no fogo, com toda a calma do mundo, sem sofrer mal nenhum, para espanto dos habitantes daquela ilha.
Reparem que a reação dos habitantes de Malta não foi muito diferente da reação dos discípulos, quando Jesus acalmou a tempestade. Pensaram que ele fosse um deus. Verdade seja dita, este não foi o primeiro pensamento que tiveram sobre Paulo. Quando viram que a cobra o picou, pensaram: “Certamente este homem é assassino, pois, tendo escapado do mar, a Justiça não lhe permite viver.”
Eu já cheguei a pensar que tivesse cometido algum pecado terrível, porque me sentia sendo castigado como um criminoso. Cheguei a pensar que Deus me odiava, porque, como Paulo… eu tinha escapado do mar, para ser picado por uma cobra. Eu aprendi com este texto que
sobreviver a um naufrágio e ser picado por uma cobra mortal resume bem a vida de muitos homens de Deus.
Reparem que o apóstolo Paulo vivia sob ataque [e esta é uma regra para os servos de Deus que estão no front de batalha contra o inimigo]. Se o apóstolo fosse se desesperar a cada situação de perigo, passaria a vida em pânico; aterrorizado. Segundo as suas próprias palavras, ele estava exposto ao perigo o tempo todo; enfrentava o tempo todo situações que estavam muito além da sua capacidade.
Se era assim com o apóstolo Paulo, não temos motivos para crer que fosse diferente com os outros apóstolos. Creio que por isto o Senhor recriminou a forma desesperada como eles enfrentaram a tempestade no mar. Esta dinâmica de clamar desesperado aos céus a cada tempestade não funcionaria para o tipo de vida que os aguardava, por isto o Senhor os tinha matriculado na escola da fé.
Como eles, nós também devemos aprender a viver com calma mesmo sendo bombardeados pelo inimigo. Devemos aprender a dormir um pouco, no barco, mesmo em em meio às tempestades. Nós precisamos deste tipo de calma por dois motivos, primeiro porque sem fé não conseguiremos superar esses ataques e segundo porque faz mal viver com medo e sem descanso.
Por isso, querido irmão em Cristo, se você está passando por uma tempestade neste exato momento, o que eu tenho a lhe dizer é o seguinte. Esta não é a primeira nem a última tempestade que você vai enfrentar, por isso o que de melhor você pode fazer é confiar sua vida a Deus e descansar um pouco, porque Deus está no controle da situação.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.