Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Segundo o apóstolo, foi lhe dado um espinho na carne para impedir que ele se exaltasse, dada a grandeza das suas revelações. O espinho na carne é o que mantinha o apóstolo humilde e livre do orgulho espiritual, esse tipo de orgulho em que você “Eu sou o cara!” e que é tão nocivo quanto qualquer outro tipo de orgulho.
Para este fim, Satanás recebeu, da parte de Deus, permissão para esbofetear o apóstolo, por meio de um dos seus agentes. Veja bem, você não permite que o seu pior inimigo dê uma bofetada no seu filho, a menos que não haja outra alternativa. Não é algo normal. O normal é sermos protegidos por Deus, para que o maligno não nos atinja [1 Jo 5.18]. Mas, excepcionalmente, vemos filhos de Deus sendo entregues a Satanás, para destruição do corpo e salvação da alma [1 Co 5.5].
O dilema reconhecido por Paulo é que, se Deus removesse o espinho, ele certamente se exaltaria. O espinho na carne é, para ele, uma espécie de cabresto, uma rédea para que ele não se desvie do caminho. Não porque Paulo fosse mais propenso ao orgulho do que nós, mas por causa da grandeza das revelações que ele recebeu.
Irmão! Ele foi arrebatado, ele conheceu o céu. Ele ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar. Você há de concordar comigo que, depois de conhecer o céu, você fica em uma condição desigual, comparado aos demais crentes. Aquilo que os outros devem crer pela fé, você já viu com seus olhos. Em uma situação como esta, o sentimento de superioridade deve ser irresistível para nós, meros mortais.
Que o pai não possa mostrar coisas grandiosas para o seu filho, porque o seu filho vai se sentir superior aos seus irmãos, não é algo bom [repare que algo parecido aconteceu com José]. Que ele tenha que manter qualquer coisa em segredo, por causa das nossas falhas de caráter, definitivamente não é algo bom. É triste que as coisas sejam assim.
O apóstolo nos diz que, por três vezes, rogou ao Senhor que tirasse o espinho dele. Isto nos mostra que, antes de sabermos o motivo de estarmos sendo esbofeteados por Satanás, temos todo o direito de rogar a Deus por livramento. Enquanto o Senhor não disser não, devemos seguir orando pelo seu “sim”; e, muitas vezes, mesmo depois do não, devemos seguir orando pelo “sim” [como a mulher siro-fenícia].
Contudo, no excepcional caso do apóstolo Paulo, a resposta de Deus não foi um “sim”. Deus lhe disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Um pregador que admiro escreveu que Paulo orou para que Deus removesse o espinho, mas Deus lhe deu graça para enfrentar o sofrimento. Neste caso em especial, dado o contexto, eu não acho que o apóstolo esteja se referindo a este tipo de graça.
“Graça” é uma das palavras preferidas do apóstolo Paulo e ele a usa em muitos sentidos. Por exemplo, ele diz que o seu ministério ao gentios foi uma graça [um presente] que ele recebeu de Deus. Então, quando o Senhor diz ao apóstolo “a minha graça te basta” me parece mais de acordo com o contexto que o Senhor esteja se referindo à graça que Paulo recebeu de Deus. A graça que bastava a Paulo era a graça [a dádiva] de ver o que ele viu; era a graça [o presente] de Deus operar por meio dele.
“Porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, disse Deus. É triste que seja assim. Por uma questão de falha de caráter nossa, o poder de Deus age melhor em nós quando somos esbofeteados por Satanás, do que quando somos arrebatados aos céus, porque a bofetada de Satanás nos humilha, enquanto que o ver o céu ensoberbece. Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.