A vida abençoada de Jó

November 4, 2020

“Será que Jó não tem razões para temer a Deus?”, respondeu Satanás. “Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo o que ele faz, de modo que os seus rebanhos estão espalhados por toda a terra.”

Quero chamar a sua atenção, neste sermão, para o estado normal da vida de Jó, antes da provação que ele enfrentou, e para o estado da vida de Jó após a sua provação [para sair do lugar comum, porque eu tenho certeza que todos os sermões que você já ouviu sobre Jó focaram na sua aflição]. Quero chamar a sua atenção também, para o fato de que a provação de Jó, apesar de terrível, durou um curto período de tempo, comparado à sua vida longeva, para que fique claro que a bênção foi a regra da sua vida… e a aflição foi a exceção. Por fim, meu objetivo final é deixar claro que o mesmo princípio de bênção se aplica a nós, que estamos em Cristo Jesus.

Vamos olhar, portanto, para o estado normal da vida de Jó, antes da sua aflição. Para tanto, vamos nos valer das palavras do próprio Satanás… segundo o diabo havia uma cerca de proteção em torno de Jó, de sua família e de tudo quanto ele possuía. Uma cerca para protegê-lo do próprio Satanás, obviamente. Notem como é ampla a segurança do homem a quem Deus protege! Ela alcança também a sua família e as suas posses; tudo é igualmente santificado. A proteção do Senhor alcançava, inclusive, a saúde de Jó. De tal modo que, em um primeiro momento, o Senhor permitiu que Satanás destruísse tudo o que Jó amava, menos sua saúde. Satanás também ressalta o fato do Senhor abençoar tudo o que Jó fazia, de modo que ele tinha se tornado muito, muito rico.

Para não ficar apenas nas palavras de Satanás, deixemos o próprio Jó descrever a condição anterior da sua vida… o que ele faz em forma de lamento no seu livro: Ele disse: “Como tenho saudade dos meses que se passaram, dos dias em que Deus cuidava de mim, quando a sua lâmpada brilhava sobre a minha cabeça e por sua luz eu caminhava em meio às trevas! Como tenho saudade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava a minha casa, quando o Todo-poderoso ainda estava comigo e meus filhos estavam ao meu redor, quando as minhas veredas se embebiam em nata e a rocha me despejava torrentes de azeite.”

Era uma boa vida? Certamente era. No entanto, por um momento o Senhor retirou de sobre Jó a sua proteção, permitindo que Satanás destruísse tudo o que Jó mais amava, inclusive a sua saúde… e tudo aconteceu de forma muito rápida. Da noite para o dia, ele perdeu tudo o que tinha, seus amigos ficaram sabendo e vieram para consolá-lo. Passaram sete dias em silêncio, enlutados, depois debateram com Jó durante algum tempo. Por fim, o próprio Deus fala com Jó em meio à tempestade, Jó se arrepende de falar de coisas sobre as quais não tinha conhecimento, ele ora por seus amigos e a sua aflição acaba. Pode-se dizer que todo este processo durou algumas semanas, talvez alguns meses, mas certamente foi apenas um episódio na longa vida de Jó; um episódio terrível, mas ainda assim um episódio. Ele pensou que iria morrer, mas não morreu; pensou que não tinha mais jeito, mas tinha.

Depois da provação de Jó, diz a bíblia que o Senhor o tornou novamente próspero e lhe deu em dobro tudo o que tinha antes. O Senhor abençoou o final da vida de Jó mais do que o início e essa bênção é descrita em termos materiais: ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de boi e mil jumentos. Também teve ainda sete filhos e três filhas. Em parte alguma daquela terra havia mulheres tão bonitas como as filhas de Jó, e seu pai lhes deu herança junto com os seus irmãos [o que não era o padrão naquela época]. Depois disso Jó viveu cento e quarenta anos; viu seus filhos e os descendentes deles até a quarta geração. E então morreu, em idade muito avançada.

As pessoas gostam de usar o relato de Jó como argumento contra o triunfalismo. Gostam de usar o sofrimento de Jó, como justificativa para o sofrimento do cristão, tornando a exceção em regra, todavia o exemplo de Jó mostra exatamente o contrário. A regra na vida de Jó foi a bênção, não o sofrimento, foi a saúde e não a doença. Deus não era obrigado a abençoar Jó, como recompensa pela sua integridade, mas ele o abençoou mesmo assim. Deus não o abençoou para comprar a sua lealdade, do mesmo jeito que Jó não era leal a Deus por causa das bênçãos, apesar de sempre ter um Satanás pra dizer que é assim. Deus o abençoou pela sua graça e amor; Deus o abençoou porque tem prazer na prosperidade dos seus servos.

Jó viveu na prática o que a bíblia promete na teoria, em muitas passagens e salmos. Existem muitas promessas nas escrituras a respeito de prosperidade e bênçãos para a vida do justo, tal como vemos na vida de Jó, Abraão, Isaque, Davi… e tantos outros. Promessas que não estão restritas ao Antigo Testamento, mas estão presentes também no Novo. Promessas que não perderam a validade quando Cristo veio, antes, foram universalizadas Nele. Porque em Cristo, todas as promessas tiveram o sim de Deus. Nós podemos ser abençoados como foi Jó, podemos prosperar como ele prosperou.


Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.