Segundo Jesus, a parábola do semeador é um dos mistérios do Reino, contado na forma de parábola para que os judeus não a pudessem entender, e assim não viessem a se arrependerem [nós seremos mais duros do que eles, se mesmo entendendo esta palavra não nos arrependermos]. Este endurecimento deliberado e temporário dos judeus não foi nada aleatório, pelo contrário, cumpriu um papel importante no plano divino da salvação, pois da rejeição deles a Cristo dependia a salvação dos gentios. Jesus ensinava muitas coisas abertamente, como no sermão do monte, todavia neste ensino em particular, ele pôs o carimbo de confidencial, mesmo parecendo um ensino tão simples.
Na parábola do semeador, a palavra pregada é comparada a uma semente semeada; uma semente com um potencial frutífero exponencial, de trinta, sessenta e até cem por um, desde que e quando plantada em terra fértil, que aqui representa pessoas que ouvem a palavra e a aceitam [nunca nos esqueçamos do potencial assombroso da palavra de Deus!]. Mais tarde o autor de Hebreus escreveria que a mensagem pregada a nós foi pregada antes aos judeus, mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. O potencial da palavra, portanto, está diretamente relacionado com a forma como ela é recebida. Ela só dá frutos quando aceita, e só tem algum valor quando crida.
Na parábola, Jesus nos apresenta a um semeador que semeia em todo tipo de terreno. Isto mostra que a audiência do pregador é constituída por todo tipo de pessoas, algumas mais é outras menos suscetíveis ao evangelho. Como o Senhor apresenta na parábola quatro tipo de solos, algumas pessoas tendem a transformar isso em percentual, como se apenas vinte e cinco por cento da audiência fosse terreno fértil. Eu não sou tão otimista. O sucesso da semeadura é medido pelos frutos que ela produz e eu, nos meus anos de ministério, tenho visto menos frutos da palavra do que gostaria.
Existem aqueles em quem a palavra entra por um ouvido, para logo sair pelo outro. São aqueles que não prestam a menor atenção na palavra; que tratam a palavra com descaso, como se fosse nada; que após ouvirem a palavrar logo a esquecem. Estes são como as sementes que caíram a beira do caminho, então vieram as aves e a comeram. Estas aves representa o próprio Satanás, cujo objetivo é tirar a palavra do coração do ouvinte. Esta é a luta diária do pregador, ele vai pregando de um lado e Satanás vai tirando a semente do outro. Esta é a luta diária também dos ouvintes, que devem envidar todos os esforços para reter a palavra em seus corações.
Existem ainda aqueles que ouvem a palavra e logo a recebem com alegria, para deleite do semeador, mas não estão devidamente arraigados à palavra. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam. Por abandonarem a palavra, são comparados ao terreno pedregoso onde a semente não cria raízes. Estas pessoas são inescusáveis, porque existem pessoas [comparadas ao solo fértil] que enfrentam as mesmas adversidades, mas não abandonam a palavra, porque estão fortemente apegados a ela. É impressionante como muitas pessoas abandonam a palavra em tempos difíceis, quando deveriam fazer exatamente o oposto. É em momentos de crise, que devemos nos apegar a ela mais firmemente.
Existem também aqueles que ouvem a palavra, mas as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios por outras coisas [especialmente por prazeres mundanos] sufocam a palavra como espinhos, ocupando o seu lugar, tornando-a infrutífera. Estão tão preocupados com os cuidados desta vida, que não tem tempo para ouvir e meditar na palavra de Deus. Alguns melhoram um pouco de vida e, do mesmo modo, relegam a palavra de Deus a segundo plano. Outros estão tão envolvidos com outras coisas, conhecem tudo sobre tudo, mas não conhecem o básico sobre a palavra de Deus. Não tem como a palavra frutificar neste tipo de solo.
Por último, existem aqueles que ouvem a palavra e a guardam. Como são raros! Mesmo quando vem as tribulações, mesmo quando são perseguidos por causa da palavra eles se apegam a ela. “A este eu estimo”, diz o Senhor, “ao humilde e contrito de espírito, que treme diante da minha palavra.” Eles não perdem tempo com as preocupações desta vida, porque confiam na palavra do Senhor. Eles não se deixam seduzir pelo encanto das riquezas, porque a riqueza deles é a palavra do Senhor. Eles não se perdem em prazeres mundanos, porque eles tem prazer em ouvir a palavra de Deus. É neste solo fértil que a palavra de Deus frutifica!
E como ficam os solos inférteis? Mesmo estes não são páreos para a palavra de Deus. “Não é a minha palavra como o fogo”, pergunta o Senhor “e como um martelo que despedaça a rocha?” Se para o terreno fértil a promessa é de frutos, para os terrenos inférteis é de quebrantamento. Todo terreno pisado, será afofado, todo espinho será consumido pelo fogo e toda rocha será esmigalhada, pela palavra do Senhor! Porque a palavra de Deus é poderosa e eficaz e mais afiada do que uma espada de dois gumes. Seu poder é avassalador!
O seu coração tem sido um solo fértil para a palavra de Deus? Qual o lugar que a palavra de Deus tem ocupado na sua vida? O quanto você tem se dedicado em aprender a palavra de Deus? Você tem permitido que as suas preocupações e ocupações ocupem o tempo que você deveria dedicar à palavra de Deus? Você tem visto os frutos da palavra na sua vida? Você tem perseverado em crer na palavra de Deus, mesmo em momentos difíceis ou sua fé na palavra de Deus tem sido vacilante? Você tem desejado ouvir a boa e agradável palavra de Deus, como um bebê deseja o leite materno?
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.