O casamento não é eterno

December 11, 2019

“Quando os mortos ressuscitam, não se casam nem são dados em casamento, mas são como os anjos nos céus.” Jesus Cristo

Segundo Jesus, na vida futura não haverá casamento, porque seremos como os anjos nos céus [que não se casam]. Agora o ponto é que os anjos não se casam não porque sejam celibatários, mas porque eles tem um tipo de existência bem diferente da nossa, onde os gêneros não existem.

Os saduceus perguntaram a Jesus: “Se uma mulher teve sete maridos, de quem ela será esposa após a ressurreição?” A resposta de Jesus revela que aquela era uma pergunta descabida, porque na vida futura os laços familiares deixariam de existir.

Podemos deduzir, a partir disto, que o casamento existe por razões biológicas. Também não é errado afirmar que o casamento só existe porque existe a procriação. Uma vez que filhos gerados não se criam sozinhos, aprouve ao Senhor criar a instituição da família.

Ao considerar as coisas desta forma, a bíblia cristã se mostra mais racional do que a própria ciência moderna, que cedeu à ideologia.

Perceba que a promessa bíblica de vida futura é totalmente desprovida de apelo às paixões mundanas [ao contrário do que acontece, por exemplo, na literatura islâmica, com seu paraíso cheio de virgens].

É justamente por não apelar para as paixões do homem como a literatura islâmica, ou por não dobrar-se à cultura como faz a ciência moderna, que a promessa do evangelho deveria ser levada mais a sério. Se fosse uma invenção humana, seria uma má invenção. Faria mais sentido prometer um céu cheio de apelos mundanos, a fim de angariar prosélitos.

“Ora”, alguém poderia dizer. “Se na vida futura não haverá romance, nem sexo, nem casamento, nem filhos, então qual será a graça?” Sejamos sinceros, esta é uma questão bem pertinente, considerando que os prazeres da vida terrena e a própria felicidade humana giram em torno dessas coisas.

A verdade é que somos totalmente incapazes de assimilar um tipo de existência diferente da natural, talvez por isso a bíblia dê tão poucos detalhes sobre como será a vida futura.

Isto não significa que sejamos totalmente alheios às coisas que fazem a vida futura valer a pena [além de ser eterna, é claro]. Existe uma forma de experimentar uma amostra da era que há de vir, que é proporcionado pela alegria do batismo com o Espírito Santo.

Sabemos que, na eternidade, a nossa fonte de alegria estará em Deus, mas não é necessário aguardarmos pela eternidade para encontrarmos felicidade Nele. Para as pessoas que sentem prazer em Deus, a perspectiva de passarem a eternidade com Ele não lhes parecem nem um pouco sem graça, por mais diferente que esse novo modo de existência seja.

Se existe uma família no céu, ela é composta por um pai e muitos irmãos. O apóstolo Paulo escreveu que nós que compomos a igreja fazemos parte da família de Deus (Ef 2.19) e, no livro de Mateus (10.25), Jesus chama a si mesmo de dono da casa e a nós [seus discípulos] de membros da sua família.

Se no Antigo Testamento a ordem era encher a terra de filhos naturais, no Novo Testamento a nova ordem é encher os céus de irmãos em Cristo. O casamento, até então indispensável no cumprimento da primeira missão, torna-se dispensável no cumprimento da segunda.

Isto significa que a nossa relação fraternal com nossos irmãos em Cristo será mais duradoura do que os nossos laços familiares, por mais que a nossa vida aqui gire em torno da nossa família terrena. Isto não significa que devamos dar menos valor à nossa família terrena, mas significa sim que os nossos vínculos com nossa família espiritual tem estado muito aquém do esperado.


Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.