Em sua carta, o apóstolo Tiago faz uma pergunta que, ao mesmo tempo que é uma pergunta, é também uma afirmação. A pergunta é a seguinte: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que ele prometeu aos que o amam? O que este versículo afirma é que Deus escolheu os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé. Ser rico na fé, neste caso, não foi uma escolha dos pobres em questão, mas uma escolha exclusiva de Deus. Este versículo levanta uma importante questão a respeito da fé: somos nós que escolhemos ter fé?
Sabemos como a fé vem. A fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo. Todavia, segundo Hebreus 4, a mesma mensagem que nos foi anunciada, foi pregada também aos judeus, mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. Eles ouviram a mensagem, mas não creram, o que nos leva à seguinte conclusão: Embora a fé venha por ouvir a palavra, crer não é uma consequência natural do ouvi-la.
Nós podemos pregar, podemos ajudar as pessoas a entender, mas a nossa parte só vai até ai. Por melhores que sejam os nossos argumentos, as pessoas não serão convencidas por eles, a menos que seus corações sejam abertos para isto. O convencimento não se dá por meio do argumento humano, mas se trata de um acontecimento sobrenatural, levado a efeito pela pessoa do Espírito Santo. É o Espírito Santo quem convence a pessoa, não os argumentos humanos. O próprio Jesus disse que quando o Espírito viesse, Ele convenceria o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
Convencer significa outorgar certeza, com relação a algo que anteriormente se duvidava, e a certeza, nós sabemos, é o que está por trás do próprio conceito da fé. Quando se fala em fé, uma pergunta leva à outra. O que é a fé? Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos. E o que é a certeza? É a convicção interior de que algo é certo ou verdadeiro. E o que é convicção? É a ação ou o efeito de alguém que está convencido. E quem é que convence? Quem convence o homem, segundo as escrituras, é o Espírito Santo de Deus. A fé, portanto, é a certeza que resulta do convencimento do Espírito de Deus.
Isto responde à nossa questão sobre a escolha. Não somos nós que escolhemos ter fé, é uma escolha de Deus. A fé é um dom de Deus e não é dada a todos. Ele escolheu os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé. Ele escolheu a mim e a você. Ele poderia ter escolhido os judeus, mas não o fez. Pelo contrário, no caso dos judeus, segundo a bíblia, foi Deus quem lhes cegou os olhos e endureceu-lhes o coração para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam. Deus fez isto porque eles eram piores do que nós? De maneira alguma. Ele poderia ter feito o mesmo com você, ele também poderia ter endurecido o seu coração, mas não o fez.
Bom, então qual é o critério pelo qual Deus escolhe as pessoas? O critério de Deus é bem simples: Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer. Não é por obras, para que ninguém se glorie, não é por algo que fazemos ou deixamos de fazer, mas por livre escolha de Deus. Segundo a bíblia, o dom da fé é concedido pelo Espírito e ele o distribui individualmente, a cada um, como quer. Todavia no mesmo lugar em que está escrito que ele distribui a cada um como quer, também diz que devemos buscar [através da oração] com dedicação os melhores dons. O que se depreende do exposto é que, embora o Espírito Santo tenha o direito de conceder os dons a quem ele quiser, aprouve a Ele concedê-lo aos que pedem.
O ato de pedir pode ser um indício da escolha de Deus, uma vez que dele procede tanto o querer quanto o realizar. O desejo pelo dom, o desejo de ter fé, foi Deus quem colocou no seu coração. Se você o quer, então está ao seu alcance. Neste caso, você só precisa pedir: Deus, coloque fé no meu coração. O próprio Jesus orou pelo apóstolo Pedro, para que a sua fé não desfalecesse. Os apóstolos também oraram. Eles disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O pai do menino endemoniado também orou: “Ajuda-me a vencer a minha incredulidade!” Se todos estes oraram pela fé, inclusive o próprio Jesus, é porque a fé é um dom de Deus. Deste dom depende todos os outros.
O versículo nas fala que devemos estar cientes da medida de fé que nos é dada e agirmos de acordo com ela. Segundo o apóstolo Paulo, todos nós recebemos uma medida de fé da parte de Deus. Por medida entende-se uma quantidade mensurável de fé, que pode ser maior ou menor. Que a fé pode ser mensurável, também se deduz das palavras de Cristo, porque ele chamou a fé da grande ou de pequena, conforme a atitude das pessoas.
(Texto escrito originalmente em 2013)
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.