Os samaritanos ouviram o evangelho pleno da boca de Filipe, um homem cheio do Espírito Santo, e creram na mensagem. Estavam ali presentes todos os requisitos bíblicos necessários para a salvação, para a regeneração e o novo nascimento. Contudo, por alguma razão a respeito da qual só podemos especular, o Espírito Santo não desceu sobre eles quando creram.
Não se pode negar que tenham recebido uma parte da bênção, contudo a experiência parcial que eles tiveram estava aquém da promessa, uma vez que o batismo com o Espírito Santo era uma promessa universal, prometida para todos os que se converterem, como parte da experiência cristã inicial. Estes samaritanos haviam recebido uma bênção parcial, como o cego de Betsaida, quando após ser parcialmente curado via os homens como árvores.
Também poderíamos especular longamente sobre porquê a cura do cego não foi completa, contudo isto não é importante. O importante é que a cura incompleta não era aceitável, no caso do cego. Era uma aberração que demandava uma nova ação de Jesus. De igual modo, no caso dos samaritanos, a promessa do Espírito Santo não ter se cumprido imediatamente era uma aberração que precisava ser corrigida.
Existe um debate teológico se este não seria um caso isolado de pessoas recebendo o batismo com o Espírito em um segundo estágio após a conversão, contudo, ao meu ver, este debate não deveria existir, porque, no episódio dos samaritanos, o batismo com Espírito Santo é acompanhado de uma manifestação externa, perceptível no texto até para o inconverso Simão.
Se houve uma manifestação externa do batismo como Espírito Santo, não seria razoável supor que os apóstolos perceberam que o Espírito ainda não havia sido derramado sobre eles pela ausência desta manifestação? Alguém poderia objetar dizendo que eles perceberam por revelação divina [o que apesar de improvável é possível].
Todavia, isto não muda o fato de que, neste caso, a ausência do batismo com o Espírito foi diagnosticada pelos apóstolos. Se eles conseguiram diagnosticar o problema imediatamente, não deveríamos nós também [visualmente ou por revelação] ser capazes de identificar se o novo convertido recebeu ou não o batismo com o Espírito Santo?
O episódio de Samaria mostra que o batismo com o Espírito Santo não é o tipo de coisa que se possa diagnosticar por silogismo, como aliás é bem comum nos dias de hoje. Não podemos simplesmente dizer: se você se converteu e a bíblia promete o batismo com o Espírito Santo ao que se converter, isto significa que você já foi batizado com o Espírito Santo.
Se este método tivesse sido empregado por Filipe, no caso dos convertidos samaritanos, todos eles teriam morrido sem experimentar o batismo com o Espírito Santo; e, o que é pior, crendo já o terem recebido. Se não conseguimos diagnosticar o batismo com o Espírito Santo como os apóstolos, quem garante que isto não esteja acontecendo nos dias de hoje?
Também não se pode dizer que o diagnóstico do batismo com o Espírito Santo deva ser feito com base na evidência dos frutos do Espírito na vida do convertido, porque este diagnóstico deve ser feito no momento da conversão. [Não creio que alguém se arrisque a dizer que os apóstolos perceberam que o Espírito Santo não havia sido derramado porque os samaritanos não estavam agindo como cristãos.]
Para mim, o mais provável é que a evidência do derramar do Espírito no caso dos samaritanos tenha sido mesmo o falar em línguas, como na casa de Cornélio. Se houve uma manifestação [vista por Simão] e esta manifestação não foi identificada por Lucas no texto, o mais lógico é supor que se trata da mesma manifestação especificada em outros lugares.
Mesmo que a manifestação do batismo com o Espírito tenha sido outra, o mais importante é que houve ali uma manifestação exterior do batismo com o Espírito Santo. Não se tratava de algo que eles deveriam crer, mas de uma experiência real. Eu suponho que isto seja o que o autor de Hebreus descreve como provar o dom celestial; ou o que o apóstolo Paulo descreve como o penhor (primeira parte) da nossa herança.
É algo real. É algo diagnosticável. É algo inconfundível.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.