O batismo com o Espírito Santo segundo João Batista

May 7, 2019

É João quem introduz a expressão “batismo com o Espírito Santo” nas escrituras — a expressão não aparece no AT — e esta expressão parece ter sido mais útil a João Batista em seu ministério de batizar, do que a Cristo ou aos apóstolos, cuja ênfase não era o batismo. João pregava a Cristo, por exemplo, como sendo aquele que batizaria com o Espírito Santo, mas o próprio Jesus não se apresentou dessa forma.

Na verdade, depois de João, o termo “batismo” seria utilizado apenas mais três vezes nas escrituras, em alusão ao batismo com o Espírito Santo. Nem o próprio evento em que os discípulos são batizados com o Espírito Santo em Pentecostes é descrito como batismo. Sabemos que o batismo aconteceu porque dez dias antes Jesus disse “João batizou com água, mas dentre de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo”, em uma referência direta à pregação de João Batista.

É inegável, portanto, que o tema do batismo com o Espírito Santo orbita em torno de João, o Batista, e está relacionado com o seu ministério de batizar. “E esta era a sua mensagem”, diz Marcos a respeito de João Batista. “Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo”.

Note que este batismo com o Espirito Santo não é uma profecia isolada de João, pelo contrário, é toda a sua mensagem. Imagine João batizando à margem do Jordão, imagine as pessoas sendo mergulhadas por ele nas águas do batismo, e imagine-o dizendo “eu vos batizo com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”.

“Da mesma maneira que o propósito de João era preparar o caminho para o Senhor chamando às pessoas ao arrependimento, também seu batismo aponta para aquele que traria o batismo escatológico em espírito e em fogo. [Carson]” Ou seja, o batismo de João com água é uma figura do batismo com o Espírito Santo de Jesus; não tem como separá-los.

O objetivo era que seus discípulos fizessem uma associação visual entre ambos os batismos, com as águas do rio Jordão dando lugar às torrentes do Espírito. É impossível que não tenham se imaginado totalmente imergidos neste rio do Espírito; e esta associação parece ser precisamente o que o Senhor tinha em mente quando mandou João Batista batizar.

É lícito supor que os ouvintes de João pensaram a respeito do batismo precisamente o que Deus queria que eles pensassem, dai a figura do batismo ter sido escolhida como uma forma visual de transmitir para eles o que significaria o maravilhoso derramar do Espírito, que teria início em Pentecostes.

Não seria a primeira nem a última comparação do Espírito Santo com a água, nas escrituras. “Derramarei água sobre o sedento, e torrentes sobre a terra seca, derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes”, escreveu Isaías [44.3]. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”, disse Jesus.

Você consegue imaginar o Espírito sendo derramado como torrentes de águas? Consegue imaginar rios fluindo de dentro de uma pessoa? Não é muito diferente de imaginar um “batismo” com o Espírito Santo, como sendo uma imersão em um rio de poder. Todas estas são figuras visuais dramáticas, que aludem a um mesmo evento igualmente visual e dramático: a vinda do Espírito Santo em Pentecostes.


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