O Salmo 91 é tido como um salmo messiânico. Ou seja, ele traz uma série de promessas que se cumpririam na vida de Cristo; não nas nossas vidas. O que essas pessoas se esquecem é que nós estamos em Cristo, escondidos em Deus, e as promessas feitas a ele se aplicam a nós também.
Até porque, a rigor, todas as promessas feitas por Deus tem o “sim” em Cristo. Ou seja, não existe nenhuma promessa nas escrituras que se apliquem a nós, a menos que sejamos encontrados em Cristo. Na verdade, todas as promessas pertencem a ele — não apenas as do salmo 91 — e, por estarmos nele, aplicam-se também a nós.
Para sermos encontrados em Cristo, precisamos abrir mão da nossa justiça e receber a justiça que vem dele. Esta justiça nos é creditada quando cremos no Senhor; somos justificados pela fé.
O salmo começa dizendo que “aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao Senhor: ‘Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio’”.
Existe um lugar de descanso em Deus, a respeito do qual o autor de Hebreus escreveu “esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair.” Segundo a bíblia, aquele que entrar neste descanso de Deus descansa das suas obras, como Deus descansou das suas.
É necessário, portanto, uma certa dose de esforço para descansar à sombra do Todo-poderoso, porque a calma diante da adversidade é algo contrário à natureza humana. Não são todos que, como Jesus, conseguem dormir no barco em meio à tormenta.
Em certa ocasião de perigo, o Senhor disse o seguinte à nação de Israel: “No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram. Vocês disseram: ‘Não, nós vamos fugir a cavalo’.”
O segredo do sucesso na adversidade é descansar à sombra do Todo-poderoso, mas muitas vezes nós também optamos por fugir, optamos por apelar para outras alternativas de socorro. Quando fazemos isto, estamos fora de Cristo. Neste caso, somos nós que nos privamos dos benefícios da graça e, por consequência, da bênção do salmo 91.
Se você anda ansioso e preocupado, se você tem o coração angustiado, é tempo de você acalmar a sua alma, é tempo de voltar para o abrigo do Altíssimo e dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”, porque no arrependimento e no descanso está a sua salvação.
E se você está escondido com Cristo em Deus, todas as promessas do salmo 91 são para você. Este é o ponto principal deste sermão.
Neste salmo, o Senhor promete nos livrar do laço do caçador e do veneno mortal. Por ser um salmo messiânico, nesta parte Deus promete proteção a Jesus contra as ciladas de Satanás. Por estarmos em Cristo, nós também recebemos livramento.
O apóstolo João escreveu: “aquele que nasceu de Deus o protege o Maligno não o atinge”. Em outra passagem, o próprio Jesus promete que se bebermos coisa mortífera não nos causará dano. Em Cristo, estamos bem protegidos contra o maligno, contra as suas ciladas, suas setas malignas e veneno mortal.
O salmo prossegue prometendo que o Senhor nos cobrirá com as suas penas e sob as suas asas nós encontraremos refúgio. Em certa ocasião, Jesus disse o seguinte sobre Jerusalém: “Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram. Eis que a casa de vocês ficará deserta”.
Jesus é como a galinha que morreu queimada, para proteger a vida dos seus pintinhos. Debaixo de suas asas, existe proteção contra todo mal. Mais uma vez, o Senhor deseja reunir os seus filhos debaixo de suas asas e ali mantê-los seguros. Se você sente-se ameaçado, sente-se em perigo mortal, corra para debaixo das asas de Cristo e não para longe dele!
O salmo prossegue dizendo que “a fidelidade dele [de Deus] será o seu escudo protetor”. Existe muita segurança no fato de que Deus não muda, no fato de que ele sempre cumpre a sua palavra. O apóstolo Paulo destaca o fato de que, como Deus é fiel, em Jesus não há “sim” e “não”.
Pelo contrário, nele sempre houve “sim”; “pois quantas forem as promessas feitas por Deus, tantas têm em Cristo o ‘sim’”. A fidelidade de Deus é a garantia que temos de que as promessas do salmo 91 são garantidas a nós, sem exceções. Ele não diz “sim” para alguns e “não” para outros.
Se estivermos em Cristo, não temos motivos para temer “o pavor da noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia.”
O cristão não precisa ter medo do escuro, não precisa temer ser atingido enquanto dorme tranquilo em sua cama, não precisa temer que um câncer se desenvolva sorrateiramente em seu interior. Durante o dia, ele não tem motivos para temer as balas perdidas, não tem motivo para temer a onda de violência ao seu redor.
Como diz a promessa, “mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita, mas nada o atingirá.” Esta versículo mostra que não é uma utopia do cristão crer estar debaixo de uma proteção especial, que não alcança os que não estão em Cristo.
Acredito que a maioria tenha assistido o filme “Até o último homem”, baseado em fatos reais, em que um jovem cristão adventista se arrisca em meio às explosões, em território inimigo, para salvar a vida de dezenas de soldados que foram feridos gravemente. Alguém duvida que este versículo tenha se cumprido na vida dele?
“Você simplesmente olhará, e verá o castigo dos ímpios.” A coisa funciona mais ou menos assim: em Cristo você observa o castigo dos ímpios, fora de Cristo você é castigado com eles, e não existe meio termo. Ou você é o pintinho que se esconde debaixo das asas da galinha e sai ileso, ou você morre queimado.
“Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do SENHOR o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda”, promete o Senhor. Note como a proteção do Senhor alcança não apenas a nós, mas também a tenda da nossa habitação. Nós que estamos em Cristo, somos uma proteção para os nossos filhos, somos uma proteção para o nosso cônjuge e para todas as nossas propriedades. Se somos santos, a nossa tenda também é santa.
“Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”, prossegue o salmo.
A bíblia conta que o Diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’”.
Esta passagem mostra que o própria Satanás sabia que o salmo se referia a Cristo. Não apenas sabia que era uma promessa para Cristo, como também sabia a forma correta de interpretá-lo. Ele pretendia usar a promessa do salmo como uma pedra de tropeço para Jesus, mas Jesus não caiu no seu engano, porque também era hábil na compreensão das escrituras.
Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”. Nesta passagem, o mestre nos ensina um dos princípios mais básico de interpretação das escrituras, o princípio de que a bíblia se interpreta a si mesma. Uma passagem deve ser interpretada à luz das demais; deve ser harmonizada com elas.
Jesus combina estas duas passagens para chegar à conclusão de que não é porque estamos protegidos por anjos, que devemos nos submeter a situações de risco. Ainda que o Senhor nos proteja, devemos evitar o perigo. Ainda devemos fechar a porta com chave, ainda devemos evitar lugares perigosos, ainda devemos cuidar da nossa saúde, porque quando colocamos a nossa vida em risco colocamos Deus à prova.
O salmo prossegue em suas promessas: “Você pisará o leão e a cobra; pisoteará o leão forte e a serpente.” Esta passagem ecoa a promessa de Gênesis, de que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente [Satanás], uma promessa que se estende a todos nós que estamos em Cristo. Eis o que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: “Em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês.”
Por último, a respeito desse personagem que habita ao abrigo do altíssimo e que descansa à sombra do Todo-poderoso, o Senhor promete restauração, promete proteção, promete resposta ao clamor, promete proximidade na adversidade, promete livramento e honra, promete vida longa e, por fim, salvação.
Eis a qualidade de vida preparada para todos aqueles que estão em Cristo, para todos aqueles que descansam em Deus.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.