Falsa sensação de segurança

May 6, 2018

Jesus era um pregador muito eloquente — Marcos relata que na casa em que Jesus estava pregando, em Cafarnaum, muita gente se reuniu ali para ouvi-lo, de forma que não havia lugar nem junto à porta — e a pregação representava um papel central, na sua missão. “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue”, disse Jesus certa vez. “Foi para isso que eu vim.”

Um dos sermões mais conhecidos pregados por Jesus é o sermão do monte, uma coletânea de ensinos. Jesus terminou esse sermão do contando uma parábola muito conhecida, que fala sobre dois homens que construíram suas casas, um que cavou fundo para a alicerçar e outro que a fez na superfície e sem alicerce, e nos fala também de como a casa de um permaneceu de pé, e a casa do outro desabou, quando veio a inundação sobre elas.

Podemos deduzir, obviamente, que estes dois homens se sentiam seguros no interior de suas casas, porque ninguém em sã consciência decide se abrigar em uma casa que vai desabar. A parábola mostra que um tinha razão em sentir-se assim, mas o outro estava profundamente enganado. Esta falsa sensação de segurança é o mote da parábola.

Se analisarmos o contexto, veremos que o homem que edificou a casa sem alicerce está ali para exemplificar a pessoa que chama a Jesus de ‘Senhor, Senhor’, mas não faz o que ele manda, e também a pessoa que vem até Jesus, ouve suas palavras, mas não as coloca em prática.

Jesus estava pregando para uma multidão, que tinham vindo até ele para ouvir as suas palavras e que sairia maravilhada com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei. Antes que fossem embora, contudo, Jesus queria lhes deixar claro que frequentar os lugar onde ele ensinava, ouvir o sermão pregado e admirar-se da sua eloquência não garantia a eles nenhum tipo de benefício.

Tudo isto era como construir uma casa sem alicerce, ou seja, representava uma falsa sensação de segurança ou, mesmo, de espiritualidade. Quando a inundação viesse, esta crença iria desmoronar, como um castelo de cartas quando sopra o vento, e seria revelada a condição de risco em que se encontravam.

Então eles, surpresos, diriam coisas do tipo: “Como isto pode acontecer conosco, se estávamos sempre na igreja ouvindo a palavra de Deus?” Quem faz este tipo de pergunta crê que deveria ser protegida e abençoada pelo fato de se dizer cristã e ir à igreja, mas este tipo de pensamento não tem alicerce, não tem fundamento nenhum na palavra de Deus.

A verdade é que ir a igreja e ouvir o sermão não tem valor algum em si mesmo, não traz proteção alguma para a pessoa, a menos que ela vá a igreja para ouvir a palavra de Deus, com o objetivo de colocar a palavra em prática. A pessoa que não faz isso engana-se a si mesma e constrói a sua casa sem alicerce. Quando a inundação vier, sua casa irá desmoronar.

Todavia, o que ouve a palavra de Cristo e a coloca em prática, é como o homem que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Note que o homem que construiu sobre a rocha, precisou cavar fundo, até conseguir alcançar o nível de profundidade necessário para garantir a segurança da casa que estava construindo.

Este interesse e empenho para alcançar a profundidade, em detrimento da superficialidade, é o que falta a muitas pessoas no dia de hoje [que baseiam suas vidas em dois ou três versículos]. A maioria das pessoas querem construir na superfície e poucas são as que estão dispostas a se aprofundar, a cavar e cavar até encontrar um fundamento sólido o suficiente sobre o qual edificar, todavia são estas as que prevalecem no dia da adversidade.

Se você quiser agir de acordo com a palavra de Deus, terá que cavar fundo em busca da direção de Deus, para enfrentar cada situação da sua vida. Você terá que se aprofundar na palavra de Deus, terá que pedir por sabedoria a ele, terá que esquadrinhar a sua palavra de dia e de noite. Só então você terá a resposta que procura, e poderá colocar a palavra de Jesus em prática.


Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.