A amizade é uma das melhores coisas da vida, é uma coisa tão boa que nem Deus quis ficar de fora. E os amigos de Deus não são outros deuses. Não, o criador tornou-se amigo da sua criatura. Ou seja, os amigos de Deus são pessoas. Não todas, é claro. São pessoas como Abraão, que foi chamado de amigo de Deus.
O relato bíblico desta amizade tem um começo antológico: “Então Deus disse a Abraão”, dizem as escrituras. Nós lemos esta passagem inadvertidamente, como se fosse a coisa mais natural do mundo Deus sair por ai falando com alguém. Não, amigo. Ouvir a voz dos céus é um privilégio para poucos [1]; mas Abraão conversava com Deus.
Quando minha mãe perde alguma coisa, por exemplo, ela tem a mania de perguntar pra Deus onde está. “Onde foi que eu coloquei isso, meu Deus.” Você já fez isso? Já viu alguém fazendo? Já pensou se Deus respondesse: “está na penteadeira, minha filha.” Acho que ela sairia correndo. Porque quando usamos essa expressão, não esperamos realmente que Deus responda; mas Abraão ouviu a voz de Deus.
A oração, que era para ser simples como uma boa conversa, foi transformado em algo místico. Orar é agora é uma batalha, é pagar o preço é fazer um sacrifício. Você gostaria que as pessoas considerassem um sacrifício falar com você? Não, pelo contrário, o que nós queremos ouvir é: foi um prazer falar com você!
A questão é que, pra amizade ser amizade mesmo, tem que rolar umas boas conversas, porque não tem coisa melhor do que ficar conversando até altas horas com um amigo [2].
Um belo dia, Abraão estava sentado lá, na sombra, quando ele ergueu os olhos e viu três homens a distância; e Deus estava entre eles. Que tipo de Deus é este, que se veste de homem só para se relacionar com a sua criatura? É provável que a última vez que algo do tipo acontecera, fora no jardim do Éden, antes do homem se esconder de Deus. Mas eis aqui um homem que conquistou o coração de Deus; e se tornou seu amigo.
“Sentem-se comigo à sombra desta árvore”, disse Abraão. E o Senhor se sentou com ele. “Lave os pés nesta bacia com água”, disse Abraão. E o Senhor lavou os pés. Não há registro de tudo o que conversaram, mas certamente passaram boas horas juntos, jogando conversa fora com dois bons amigos. Enquanto isso, Sara preparava um pão quentinho na cozinha [que responsabilidade!] e os servos matavam o melhor novilho, porque o todo-poderoso estava ali.
Poderia estar em qualquer outro lugar do universo, poderia estar em sua glória sendo adorado por milhares e milhares de anjos, mas preferia estar na sombra de uma árvore, com o amigo Abraão. Trouxeram o pão fresco, o leite, a coalhada e o novilho assado e Deus comeu com eles [você consegue imaginar?].
Enquanto comiam, o Senhor perguntou por Sara, que estava na tenda, ouvindo de longe tudo o que falavam. Então disse o Senhor “Voltarei a você na primavera, e Sara, sua mulher, terá um filho”. Não sei se você percebeu, mas o Senhor prometeu voltar [a comida devia estar boa!].
Esta é uma outra característica da amizade. Amigos não guardam segredos um do outro. Desta forma sabemos que somos amigos de Deus, quando conhecemos os seus segredos. Jesus disse certa vez aos seus discípulos: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.” Porque eram amigos, mais do que servos? Porque Jesus não guardava segredo deles.
Notas.
[1] Quando minha mãe perde alguma coisa, por exemplo, ela tem a mania de perguntar pra Deus onde está. “Onde foi que eu coloquei isso, meu Deus.” Você já fez isso? Já viu alguém fazendo? Já pensou se Deus respondesse: “está na penteadeira, minha filha.” Acho que ela sairia correndo. Porque quando usamos essa expressão, não esperamos realmente que Deus responda; mas Abraão ouviu a voz de Deus.
[2] A oração, que era para ser simples como uma boa conversa, foi transformado em algo místico. Orar é agora é uma batalha, é pagar o preço é fazer um sacrifício. Você gostaria que as pessoas considerassem um sacrifício falar com você? Não, pelo contrário, o que nós queremos ouvir é: foi um prazer falar com você!
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.