D E S P E R T A R
Porquê o Pai não nos revelou o dia da vinda do Filho?
Imagine Jesus sentado com os discípulos nos montes das oliveiras, explicando para eles que o filho do homem voltaria depois de dois mil anos.
Uma coisa é certa, a bíblia seria diferente. O apóstolo Paulo não teria recomendado o celibato, por exemplo. Pelo contrário, ele escreveria muito mais sobre como viver neste mundo, daria palestras sobre casamento ou debateria sobre cultura.
O evangelho também não seria pregado com a mesma urgência — uma prova disso é o comportamento evangelístico da nossa geração que não espera Jesus — e, provavelmente, os primeiros discípulos teriam pensado duas vezes em vender seus bens, uma vez que, de acordo com muitos comentaristas bíblicos, havia uma motivação escatológica por trás dessas ações e eu concordo com eles.
Não fosse a urgência escatológica, o Novo Testamento seria mais parecido com o Velho, porque existe também uma motivação escatológica por trás dos novos ensinamentos de Jesus. Se antes buscávamos tesouros aqui na terra, agora somos instruídos a acumular tesouros nos céus, onde o ladrão não rouba e a traça não corrói.
Mas porque esse é um ensino do Novo Testamento e não do Velho? É porque, agora, o Reino esta próximo! Retire o elemento escatológico, e você terá mutilado o Novo Testamento daquilo que lhe dá sentido.
“Talvez fosse melhor”, alguém poderia pensar. “Seria bom se a bíblia fosse menos escatológica e mais preocupada com a nossa vida aqui, seria bom que falasse mais sobre política, sobre família e casamento, ou sobre como vencer na vida.”
No entanto, ainda que o dia já esteja definido, o Pai não o revelou a nenhum profeta e nem mesmo ao próprio Filho, sendo que, até onde eu sei, o pai não guardou nenhum outro segredo do Filho, além desse.
A imprevisibilidade do dia do Senhor certamente é um elemento chave nos planos perfeitos de Deus e o mais perto de um explicação do motivo para tanto segredo, nas escrituras, está na parábola do ladrão.
Eis o que Jesus diz: “Entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda [só no momento da chegada do ladrão] e não deixaria que a sua casa fosse arrombada.” “Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam.”
Interpretando: Não sabemos o dia e a hora em que Jesus virá, porque se soubéssemos estaríamos preparados apenas naquela hora. Como não sabemos, devemos estar preparados o tempo todo, porque ele pode vir a qualquer momento.
Nós temos uma tendência de nos concentrarmos no que é urgente, não no que é importante. Adotando o fator surpresa, Deus torna a vinda de Cristo urgente para nós, porque pode acontecer a qualquer momento.
O exemplo do ladrão é bem relevante e contemporâneo, dado o nível crescente de violência que nos rodeia. Como não sabemos a que hora virá o ladrão, estamos preparados o tempo todo.
Construímos muros e grades, contratamos seguros e guardas, colocamos alarmes e câmeras por toda parte, tomamos cuidado ao chegar em casa, tudo por causa de um ladrão que pode nunca chegar. Ou seja, estamos bem preparados para o ladrão que pode não chegar, mas mal preparados para o dia do Senhor que certamente virá; protegemos nossos bens, mas não a nossa alma.
Nós temos os nossos motivos, para não estarmos tão preocupados com a volta de Cristo: “Ainda faltam acontecer os sinais”; “Ele não voltou até hoje, então não vai voltar”; “As chances dele voltar são remotas”; “Já faz dois mil anos, e ele ainda não voltou.”
Bem, o dia do Senhor vai acontecer para nós de um jeito ou de outro na nossa geração, porque o dia do Senhor não se dá apenas com vinda de Cristo, ele chega também com a morte. Dizem as escrituras que “o homem está destinado a morrer uma só vez, devendo depois disso enfrentar o juízo”. Ou seja, existem dois caminhos para o juízo, e a morte é um deles. Quem morre não escapa do dia do Senhor; pega um atalho. Tal como o dia do Senhor, a morte também é imprevisível; ela também vem como o ladrão.
O objetivo do segredo é que vivamos vigilantes e estejamos preparados o tempo todo, é isso faremos se formos inteligentes, o problema é que temos uma tendência à insensatez das virgens insensatas.
Quem vive como se o Senhor fosse voltar hoje, faz bem. De fato, o apóstolo Pedro escreveu: “Vivam esperando o dia do Senhor”. Quem espera o dia do Senhor, não é pego de Surpresa.
Se você soubesse que Jesus fosse voltar hoje, o que você faria? Esse é um ótimo exercício mental para descobrir como o Pai espera que você viva. As pessoas que acreditaram que o dia estava próximo agiam com extremo senso de urgência, que o diga a igreja primitiva.
Ao longo da história, temos exemplos de pessoas que pensaram ter descoberto a data do retorno de Cristo, e que, embora erradas, servem de parâmetro para nós de como age alguém que pensa estar próximo do dia do Senhor. Ah, quanto zelo com a grande comissão! Quanto arrependimento! Quanto reavivamento! Bem, é assim que o Senhor espera que vivamos o tempo todo, daí adotar o segredo do dia e o fator surpresa como estratégia.
Sempre que a Bíblia fala sobre o Senhor vir como um ladrão, ela nos exorta à vigilância e ao preparo. “Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você”, diz Jesus no Apocalipse. “Eis que venho como ladrão! Feliz aquele que permanece vigilante e conserva consigo as suas vestes.”
O que você faria se soubesse que Jesus voltaria hoje? A bíblia tem uma instrução para você: faça!
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.