
Quando analisamos as circunstâncias que resultaram na morte de Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo, percebemos que matá-lo não era a primeira alternativa para os seus oponentes.
O que eles queriam, na verdade, era calá-lo; e o calaram com a morte, só porque não puderam calá-lo com argumentos.
Fizeram forte oposição contra ele, por meio do debate, mas não conseguiram resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava, de onde podemos concluir que, em um debate isento, um cristão bem preparado terá sempre argumentos mais convincentes do que seus oponentes, porque a verdade está do seu lado.
É interessante que a bíblia diga que eles não conseguiam resistir a Estevão, porque, por lógica, você resiste a alguém que está vindo contra você, mas eram eles que estavam indo contra Estêvão.
Se eles era os opositores, então era Estêvão quem deveria resistir, mas é como se, durante o debate, Estêvão tivesse saído da defensiva e passado para a ofensiva, deixando-os acuados e sem argumentos.
É triste quando um Cristão, chamado para confrontar o pecador, fica na defensiva, como se o errado fosse ele, porque não é assim que o Espírito Santo age. Quando a verdade está do seu lado, você não pode se calar, não pode se omitir, não pode se intimidar!
O lugar da luz não é escondida embaixo da cama.
Os adversários de Estêvão, então, fizeram jogo sujo, apelaram, deturparam o seu ensino, tiraram frases do contexto, o acusaram de dizer o que ele não disse, numa tentativa de voltar a opinião pública contra os cristãos.
[Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência. Esteja preparado, porque a contra-informação é a tática de guerrilha de Satanás.]
Eles tanto tentaram que acabaram conseguindo agitar o povo, os líderes religiosos e os mestres da lei. Prenderam Estêvão e o levaram ao Sinédrio, onde apresentaram falsas testemunhas para o acusarem.
Eis as acusações que apresentaram contra ele:
“Este homem não pára de falar contra este lugar santo e contra a Lei. Pois o ouvimos dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar [o templo] e mudará os costumes que Moisés nos deixou”.
É de se supor que, em um ambiente hostil como aquele, Estêvão ficasse na defensiva e procurasse defender-se das falsas acusações que faziam contra ele, mas em vez de defender-se, ele partiu para o ataque.
Em nenhum momento, ele ficou acuado, como uma presa diante dos seus opressores. Não, ele rugiu contra eles como um leão. Eles tinham falsas acusações contra Estêvão, mas Estêvão tinha acusações verdadeiras contra eles.
Quando você lê o discurso de Estevam, percebe o quão brilhantemente ele usou as próprias acusações que fizeram contra ele, para acusar os seus oponentes.
Eles o acusaram de pregar contra o templo de Jerusalém, Estêvão lhes lembrou que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas. Eles o acusaram de pregar contra a Lei, Estêvão os acusou de não obedecer a Lei.
“Vocês são um povo rebelde e obstinado”, disse Estêvão aos seus opressores, sem meias palavras. Sem querer voltar a ficar bem com a opinião pública. Estava prestes a ser apedrejado, mas não se intimidou e não recuou.
“Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo! Qual dos profetas os seus antepassados não perseguiram? Eles mataram aqueles que prediziam a vinda do Justo, de quem agora vocês se tornaram traidores e assassinos.”
Se fosse hoje, lhe diríamos:
— Estevão! Como você pode ser tão ofensivo e intolerante? Chamar as pessoas de traidoras e assassinas? Esse não é o linguajar de um cristão amoroso. Você deve abraçar as pessoas, não confrontá-las! Deve construir pontes, não muros.
Se homens como Estêvão seguissem os nossos conselhos, se conhecessem a nossa teologia, certamente haveria menos mártires na história do cristianismo. Eles continuariam vivos, mas o evangelho estaria morto.
Não tem como pregar o evangelho, sem confrontar o pecador e quando pecadores são confrontados, eles agem normalmente de duas maneiras. Ou eles aceitam o evangelho e se arrependem, como em Pentecostes, ou eles endurecem o coração e são hostis.
No caso de Estêvão, eles endureceram o coração. Diz a bíblia que eles ficaram furiosos e rangeram os dentes contra ele como cães raivosos… E foi neste momento que Estêvão levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus em pé, à direita de Deus.
Segundo a bíblia Jesus subiu para o céu e agora está assentado à direita de Deus, mas Jesus não estava sentado quando Estêvão o viu. Ele estava em pé! Ele tinha se levantado!
Eu penso em muitas razões para Jesus se levantar, mas a principal delas é a compaixão. Jesus sabia bem o que Estêvão estava passando, porque ele mesmo estivera naquele mesmo sinédrio alguns anos antes, sofrendo o mesmo tipo de julgamento injusto.
O fato de Jesus estar em pé, mostra o quanto ele se importava. Em um ambiente onde todos eram contra Estêvão, Jesus estava do seu lado, observando a perseverança do seu servo.
No fim das contas, trata-se de a quem queremos agradar. Queremos agradar a opinião pública, queremos ser aceitos pelos nossos amigos, queremos ser admirados por nossos seguidores nas redes sociais…
ou queremos agradar aquele que nos alistou? De que adiante você ter a admiração de todos, se Jesus não se levantar para você?
Estêvão então disse: “Vejo os céus abertos e o Filho do homem em pé, à direita de Deus”. Mas eles taparam os ouvidos e, dando fortes gritos, lançaram-se todos juntos contra ele, arrastaram-no para fora da cidade e o apedrejaram.
“Senhor, não os consideres culpados deste pecado”, foram as suas últimas palavras.
Gostamos de dizer que ele foi vítima das autoridades religiosas, mas foi mais do que isto. Ele não ergueu a sua voz apenas contra as autoridades, ele ergue a sua voz contra um “povo obstinado”. Ele foi vítima de pecadores confrontados.
Estêvão é um exemplo para esta nossa geração. Ele não se calou nem se intimidou, mesmo quando pegaram em pedras para apedrejá-lo, mesmo quando a opinião pública estava contra ele.
Vivemos um tempo em que levantar a voz contra o pecado é tachado como intolerância e em que pregar o evangelho é tachado de proselitismo; e muitos de nós estão acuados, estamos calados. Não queremos soar ofensivos, nem ir contra a opinião pública.
No fundo, não queremos ser apedrejados.
Perguntar não ofende:
Se Estêvão pregasse o evangelho água com açúcar dos dias atuais, ele teria sido apedrejado? Ou melhor: Se você estivesse no lugar de Estêvão, pregando o evangelho que você tem pregado, você teria sido apedrejado?
Por último, quero lhe deixar um trecho da carta que Paulo escreveu aos filipenses, mas que também escreveu para você, que enfrenta oposição nos dias atuais:
“Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica, sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês.
Para eles isso é sinal de destruição, mas para vocês, de salvação, e isso da parte de Deus; pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele, já que estão passando pelo mesmo combate que me viram enfrentar e agora ouvem que ainda enfrento.”
Coragem! Jesus está do seu lado.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.