
O rapaz se levantou bem cedo pela manhã, saiu pela porta e viu uma tropa com cavalos e carros de guerra cercando a cidade. O rapaz avaliou a situação, com os elementos que tinha à disposição, e se desesperou. De fato, a situação era alarmante. “Ah, meu senhor! O que faremos?”, exclamou ele. Certamente as opções que passavam pela sua cabeça envolvia fugir, ou se esconder.
Bem, o homem de Deus ouviu o relato, viu o exército inimigo, mas não se alterou, nem se deixou influenciar pelo desespero do rapaz. “Não tenha medo”, disse ele. Diante da mesma situação, ele teve um comportamento diferente. E por que? Porque ele era um homem de Deus, oras! Ele conhecia e cria em certas verdades invisíveis, mas que apesar de invisíveis, não eram menos reais.
“Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles”. Como homem de Deus, ele não avaliava as situações em termos humanos, mas sim em termos espirituais. A bem da verdade, essa é uma característica do homem de Deus: ele anda por fé e não por vista. Ele não ignora o relatório dos seus olhos, mas considera também o que lhe diz o Espírito. Eles podem ser muitos, mas os que estão conosco são mais numerosos. Eles podem parecer grandes, mas maior é o que está conosco.
“Abre os olhos dele para que veja”, orou o homem de Deus. Que oração! Perceba que ele não orou por visão espiritual, mas sim por visão. Ou seja, para Eliseu, aquele rapaz estava cego. Não cego espiritualmente, mas cego totalmente. “Ah, mas ele viu o exército inimigo!” Sim, mas de olhos fechados ele teria visto melhor. Ao menos, ele não teria se desesperado, o que seria um comportamento mais adequado diante da real situação. O que aquele servo viu não representava a realidade, pelo menos não toda ela.
“Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu”. Por meio da oração de Eliseu, aquele rapaz teve um privilégio para poucos: o de contemplar com os olhos materiais uma realidade espiritual e invisível. Um privilégio que, certamente, o próprio Eliseu não teve. Ou você acha que Eliseu conseguia ver cavalos e carros de fogo ao seu redor? É óbvio que não.
Se ele cria sem ver, porque ele orou para que o rapaz visse? Ora, pela mesma razão pela qual Jesus apareceu para Tomé. Ou seja, por um ato de pura misericórdia. [Existem ocasiões em que Deus pode ser bem generoso com um incrédulo, o que quase sempre é uma situação bem desconcertante.] É provável que o rapaz tenha se acalmado, depois de ver o exército dos céus, assim como Tomé creu depois de ver as marcas, mas o que ecoa mesmo são as palavras de Jesus: “Você creu porque viu? Bem aventurado os que não viram e creram”.
Talvez aquele rapaz nem tenha percebido, mas havia algo de muito preocupante na visão que ele teve. Uma razão para ficar ainda mais desesperado do que estava antes. Notem que ele viu cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu, não ao seu próprio redor. Ou seja, o exército dos céus estava ali por causa de Eliseu, não por sua causa. Isso diz muito, sobre quem aquele rapaz era: ele era servo de Eliseu, não servo de Deus. Era alguém que andava com o homem de Deus, mas não andava com Deus.
Devemos cuidar para não cair no mesmo erro, porque andar com cristãos não nos torna cristão. Eis o que o bíblia diz, sobre a proteção de Deus: “o anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os liberta.” Ou seja, os anjos acampam ao redor dos que temem a Deus, não ao redor de todos. A proteção do Senhor é para os que o temem, e para os que nele confiam. É bom esperarmos tranquilamente pela salvação do Senhor, aleluia!
Algumas lições que tiramos deste relato, sobre o homem de Deus:
- Ele não se desespera no dia da adversidade.
- Ele não considera as situações em termos humanos.
- Ele sabe que maior é o que está do seu lado.
- Ele consegue olhar além do que os seus olhos vêem.
- Ele não precisa ver para crer.