Sobre a relação bíblica entre sabedoria e riquezas materiais

June 19, 2017

Você deve conhecer a história de Salomão, de como o Senhor apareceu para ele em sonho e lhe disse “Pede o que queres que eu te dê”. De todas as coisas que ele poderia pedir, ele pediu sabedoria e, porque pediu sabedoria, e não riquezas ou longevidade, ele recebeu de Deus não apenas sabedoria, mas também as riquezas que ele não pediu.

Embora possa parecer, neste caso, que as riquezas e honra vieram como um bônus ou como uma recompensa pelo pedido feito, quando nos aprofundamos nas escrituras vemos que não é bem assim.

O próprio Salomão escreveria o seguinte sobre a sabedoria: “Na mão direita, a sabedoria lhe garante vida longa; na mão esquerda, riquezas e honra”, de onde podemos concluir, a priori, que é natural — e até garantido — que o homem sábio enriqueça, como resultado de sua sabedoria.

É claro que pode haver exceções à esta regra, como o próprio Salomão reconheceu, mais tarde, em sua derradeira obra filosófica (o Eclesiastes):

Percebi ainda outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos.

No entanto, estas exceções não anulam a promessa, mesmo que tenhamos uma forte tendência de transformar as exceções em regras.

Por exemplo, não se pode anular a promessa de longevidade para quem honra pai e mãe apontando um ou dois casos de bons filhos que morreram na flor da idade. No máximo, você poderia dizer, parafraseando o autor de Eclesiastes, que filhos que honram pai e mãe nem sempre tem uma vida longa.

O ponto aqui é o seguinte: Os velozes podem nem sempre vencer a corrida, mas a verdade é que via de regra eles acabarão vencendo. O mesmo vale para os filhos honrosos, com relação à longevidade, e para os sábios, com relação às riquezas. “Via de regra” é uma expressão bem apropriada aqui, porque significa “geralmente, usualmente, comumente, na maior parte dos casos ou quase sempre.

O apóstolo Tiago escreveria, já sob a égide da Nova Aliança, sobre o caminho para obter sabedoria: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.” Para nós, cristãos, o caminho para obter sabedoria é simples: basta pedir a Deus com fé. Resta saber se a sabedoria que recebemos de Deus é a mesma do Antigo Testamento, ou se trata de um novo tipo de sabedoria.

Sim, porque a sabedoria do Antigo Testamento promete riquezas e longevidade, mas muitos teólogos de hoje negam que exista promessas de riquezas materiais no Novo Testamento. É de se supor, portanto, que para eles a sabedoria mencionada no Antigo Testamento seja uma e a mencionada no Novo Testamento seja outra, ou, quem sabe, as promessas é que tenham mudado e as riquezas prometidas, antes materiais, transmutaram-se em riquezas espirituais.


Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.