Quando o homem pecou, a natureza foi submetida à vaidade; tornou-se escrava da corrupção. Vaidade e corrupção talvez sejam as duas palavras que melhor descrevam o estado em que o mundo se encontra. Por vaidade, entende-se a inutilidade e a total falta de sentido desta vida, tão bem descrita no livro de Eclesiastes — o meu livro favorito.
Se um dia a vida fez sentido, esse sentido se perdeu quando a corrupção entrou no mundo. Por corrupção, devemos entender o envelhecimento, a degeneração e as disfunções em geral, causadas pelo pecado. Esta corrupção natural inclui também a nossa corrupção moral, que faz com que todas as nossas boas intenções descambem para o “lado negro da força”.
Como escreveu o apóstolo, temos o desejo de fazer o que é bom, mas não conseguimos realizá-lo. Não entendemos o que fazemos, pois na maioria das vezes não fazemos o que desejamos, mas o que odiamos. Por melhor que sejam as nossas intenções e as nossas ideologias, temos tido um comportamento autodestrutivo, e estamos sempre nos auto-boicotando.
Por que somos assim? Porque a nossa carne está sujeita à esta corrupção que há no mundo; ela guerreia contra o desejo da nossa mente, tornando-nos prisioneiros de um comportamento pecaminoso que atua em nossos membros. É uma situação tão desesperadora, que fez o próprio apóstolo clamar: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”
Ao que ele próprio respondeu:
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!”
O que nós éramos incapazes de fazer, por sermos escravos do pecado, Deus o fez por nós, enviando o seu próprio filho, para morrer em nosso lugar e nos redimir desta nossa “vã maneira de viver”. A palavra redenção significa resgate mediante pagamento; e nós fomos comprados por alto preço — o sangue precioso de Jesus.
Foi uma compra legal, que garantiu ao Senhor um título de propriedade. Agora pertencemos a ele, por direito, embora não estejamos totalmente livres. Somos salvos na esperança de que, um dia, o nosso Senhor virá para reclamar a posse do que é seu, e redimir os nossos corpos mortais da escravidão em que se encontra.
A própria natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados, porque ela própria tem a esperança de ser liberta da escravidão da decadência em que se encontra. A natureza criada geme, como em dores de parto; e nós mesmos gememos interiormente esperando ansiosamente a redenção do nosso corpo.
Enquanto não formos resgatados, ainda estaremos sujeitos à corrupção deste mundo. Mesmo quando somos curados, recebemos apenas um alívio temporário, o que não significa que estejamos totalmente livres da corrupção, porque se estivéssemos não mais morreríamos. No entanto, mesmo aqueles que foram ressuscitados, como Lázaro, voltaram a morrer.
Um dia, porém, aquilo que é corruptível se revestirá de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revestirá de imortalidade. Então se cumprirá a palavra que está escrita: “A morte foi destruída pela vitória”.
A grande questão que fica é: Qual deve ser a nossa posição, enquanto o grande dia não chega? Devemos aceitar passivamente a condição de escravidão em que nos encontramos? É evidente que não! Por que deveríamos nos sujeitar passivamente a uma posse ilegal? Não, a nossa posição não deve ser de resignação, mas de combate.
A Bíblia diz que Jesus está assentado à direita de Deus, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio. Deus sujeitou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou cabeça de todas as coisas, e nós somos o seu corpo. Ao lhe sujeitar todas as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito, contudo, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas.
Esta sujeição não virá de maneira pacifica, mas por meio de um conflito cósmico final. É necessário que Jesus reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. A morte será o último inimigo a ser destruído.
Ora, se a nossa redenção final não virá sem luta, é obvio que o mesmo vale para a nossa redenção antecipada, ou seja, para a liberdade que o Senhor nos promete nesta vida. Por exemplo, a bíblia diz que o pecado não terá mais domínio sobre nós, mas diz também que temos que lutar contra ele até o sangue. Como pode ser isto? Por que haveríamos de lutar, por algo que Jesus já conquistou?
O fato é que Jesus conquistou a propriedade, mas nós temos que batalhar pela posse do que ele conquistou. Quando o Senhor retirou Israel do Egito, ele lhes deu a terra de Canaã como propriedade, contudo a posse da terra estava com os gigantes, o que revoltou os israelitas. Eles não entendiam que uma coisa é a propriedade, outra coisa é a posse.
O que precisamos entender é que o mesmo Jesus que conquistou a propriedade para nós, é poderoso o suficiente para nos dar a vitória sobre o inimigo. Temos que ter a mesma fé de Calebe, quando ele disse ao povo: “Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos!”
Se a igreja ainda sofre com a escravidão do pecado, e se já não vemos milagres em nosso meio, é porque temos negligenciado a posse do que o Senhor conquistou para nós na cruz do calvário. Precisamos que o Senhor levante novos Josué(s), que desperte o povo de Deus para a realidade das promessas do Senhor.
Eis o que Josué disse aos israelitas:
‘Até quando vocês vão negligenciar a posse da terra que o Senhor, o Deus dos seus antepassados, lhes deu?’
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.