Cristo morreu por nós, quando ainda éramos pecadores. No entanto, os benefícios do seu sacrifício não nos alcança automaticamente. O sacrifício de Jesus nos alcança por meio do evangelho; ou seja, por meio da palavra. Para vivermos o que Jesus conquistou na cruz, três coisas são necessárias: 1) conhecer o evangelho; 2) entender o evangelho; e 3) crer no evangelho.
Em primeiro lugar, precisamos conhecer o que Jesus conquistou na cruz. Não se trata de conhecer apenas por conhecer, mas de conhecer para receber, porque recebemos apenas o que conhecemos, e na proporção em que conhecermos. O conhecimento da verdade é libertador. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, disse Jesus.
Conhecer a verdade é tão importante, que o Espírito veio para nos guiar à verdade. Ele próprio é chamado de “o Espírito da verdade”. “Ele receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês”, disse Jesus. Também está escrito que nós recebemos o Espírito, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente.
“Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam, mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito”.
Se o conhecimento liberta, a ignorância destrói. “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento”, disse o Senhor. Eu temo que o mesmo destino nos aguarde, dado o nível de ignorância espiritual dentro das nossas igrejas. Existe uma igreja em cada esquina, mas como falta em nossos púlpitos o que apóstolo Paulo chama de “clara exposição da verdade”!
Já não se prega mais a palavra de Deus, mas a opinião dos pregadores. Estamos dando opiniões demais, sobre assuntos demais, e estamos expondo o evangelho de menos. O problema com a opinião dos pregadores, por melhores que sejam, é que lhes faltam poder. É a palavra de Deus que é viva e eficaz, não a opinião dos pregadores!
Devemos ser mais críticos, com o alimento que recebemos. Se ainda não damos o devido valor à palavra, se ouvimos a pregação de má vontade, é porque ignoramos os seus efeitos. Quando entendermos que só recebemos o que conhecemos, então nos esforçaremos para conhecer mais. “Pregue-nos a palavra! Pregue-nos a palavra!” diremos.
No entanto, apenas conhecer não é o suficiente; temos também que entender a palavra. Uma coisa é conhecer, outra coisa é entender. O Eunuco lia Isaías 53, mas não conseguia entender. “O senhor entende o que está lendo?”, perguntou-lhe Felipe. Ele respondeu: “Como posso entender se alguém não me explicar?” Para isto fomos chamados, para explicar a palavra; para ajudar as pessoas a entender.
A pregação não é outra coisa senão a “clara exposição da verdade”, em uma linguagem que as pessoas consigam entender, porque se a pessoa não entende a mensagem, “o maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração”. O entendimento depende de três fatores: 1) da clara exposição da verdade, por meio do pregador; 2) da boa vontade do ouvinte; e 3) da revelação do Espírito Santo.
A verdade não é apenas a palavra; é também a interpretação correta da palavra. Se você parar para pensar, verá que, em geral, cremos, não na palavra, mas em uma determinada interpretação da palavra; e existem interpretações para todos os gostos. O problema com as interpretações divergentes, é que apenas uma delas é a verdade que liberta; a outra é mentira.
O diabo é o pai da mentira e tem muitos teólogos à sua disposição:
“Como vocês podem dizer: ‘Somos sábios, pois temos a lei do Senhor’, quando na verdade a pena mentirosa dos escribas a transformou em mentira?”
Os judeus a quem o Senhor direcionou esta palavra se julgavam sábios por conhecerem a lei do Senhor, quando na verdade eles estavam confiando na interpretação mentirosa dos escribas. Não existe ignorância pior do que esta: confiar na mentira acreditando ser a verdade. E existem igrejas inteiras crendo na mentira!
Temos sido reféns da má teologia. Não deveríamos aceitar como verdade, tudo o que nos é apresentado como verdade. Muitos cristãos creem, por exemplo, que o tempo dos milagres já passou, creem que os dons do Espírito eram apenas para a igreja primitiva. E por que creem desta forma? Não porque aprenderam na palavra, mas porque ouviram de um teólogo.
A falta de entendimento é uma coisa terrível, porque deixamos de receber muitas coisas, da parte de Deus, que dependem do conhecimento correto. Se antes as bênçãos estavam ao alcance do cumprimento da lei, hoje está ao alcance do nosso entendimento. Por falta de entendimento, por exemplo, os discípulos no caminho de Emaús estavam lamentando, quando deveriam comemorar.
Jesus lhes disse:
“Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória? E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.”
Não existe uma receita milagrosa, para alcançar o entendimento: ele se alcança por meio da clara exposição da palavra, começando pelos escritos de Moisés e todos os profetas, pelos evangelhos e cartas dos apóstolos. O entendimento exige intimidade com a palavra, em primeiro lugar, e comunhão com o Espírito, em segundo lugar.
Por último, conhecer e entender não terá valor para nós, se não cremos.
O autor de Hebreus escreveu:
“Pois as boas novas foram pregadas também a nós, tanto quanto a eles; mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram.”
A mesma mensagem pregada a nós, foi pregada primeiro para os judeus, mas a mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. Apenas ouvir o evangelho, não vale de nada. O efeito será nulo, se não crermos.
Você pode ir para o templo, pode ouvir a clara exposição da verdade, pode entender perfeitamente o que foi pregado, mas tudo isto de nada valerá, se você não sair do templo com fé na palavra que você recebeu. Crendo que Jesus morreu em seu lugar. Crendo que ele levou sobre ele as suas enfermidades.
É assim que o sacrifício de Jesus nos alcança.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.