Um evangelho que não se possa experimentar, é apenas uma teoria; é uma filosofia, como tantas outras. É fácil esconder a falta de poder, por trás de promessas futuras, como se tudo o que o evangelho tivesse a oferecer fosse a vida após a morte, mas o evangelho é muito mas do que isto. “O reino de Deus não consiste de palavras, mas de poder”, escreveu o apóstolo Paulo.
O evangelho é dinamite (dunamis)! No evangelho de Marcos, somos instados, por Jesus, a pregar o evangelho a todas as pessoas. “E estes sinais acompanharão os que crerem”, disse Jesus. “Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados.”
Muitos teólogos insistem em dizer que esta promessa não é para nós, mas para os apóstolos. Se esta afirmação é verdadeira, então a grande comissão também é para os apóstolos, porque, no texto, os sinais haveriam de seguir os que foram enviados para pregar. Se a grande comissão é para toda a igreja, e não apenas para os apóstolos, então os sinais hão de acompanhar não apenas os apóstolos, mas também toda a igreja.
A verdade é que não há base bíblica nenhuma, para argumentar que o tempo dos milagres passou. O maior argumento não está na bíblia, está na experiência cristã contemporânea. Vivemos em tempos difíceis, em que o poder de Deus parece estar distante. O que vemos representado na televisão, como sendo o poder de Deus, chega a ser vergonhoso. O “poder” dos dias atuais é bem representado pelo paralítico que larga as muletas, para andar todo torto no altar… Isto é enganação, não o poder de Deus.
A carência de poder não tem a ver apenas com a ausência de sinais e maravilhas; tem a ver, também, com a falta de conversões genuínas em nossas igrejas, onde, em geral, os que estão dentro não são menos escravos do pecado do que os que estão fora. Já não vemos mudança de vida, já não vemos abandono de vícios. Nossos corpos não estão sendo curados; nosso caráter também não.
Se o poder de Deus está ausente em nossos dias, a tentativa de adaptar a palavra de Deus à esta realidade não está ajudando. Se esvaziarmos a bíblia de poder, restará apenas palavras vazias e morte espiritual. A saída para este deserto espiritual passa, não por métodos milagrosos de consagração, mas por uma maior honestidade na interpretação da palavra de Deus.
Se quisermos ver milagres, devemos pregar um evangelho genuíno, não diluído ou adaptado, porque os sinais e maravilhas são a forma de o Senhor testemunhar a veracidade do evangelho que pregamos. O autor do livro de Hebreus bem escreveu que “Deus também deu testemunho dela [da salvação] por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade.”
Se quisermos viver o sobrenatural, temos que combater os inimigos do poder, especialmente três deles: 1) as falsas manifestações de poder; 2) a negação teológica do poder; e 3) os falsos métodos de obter poder. Por “falso método para obter poder”, eu me refiro àquelas receitas tradicionais para obter poder, presente em muitos círculos religiosos: orar e jejuar.
Você que confia no caminho do jejum e da oração, para alcançar o poder, pense por um momento em quanto poder você conseguiu alcançar através deste caminho. Não existe nada mais antibíblico do que a ideia de “pagar o preço” da unção através de jejum e oração. Não, o preço já foi pago. Os milagres são o resultado do sacrifício de Cristo Jesus, na cruz, não da nossa consagração.
Veja o que o apóstolo Paulo escreveu:
“Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: (…) quanto à justiça que há na Lei, [sou] irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. (…) Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.”
O apóstolo Paulo era um homem de jejum e oração, mas este não era o segredo do seu ministério sobrenatural. Ele considerava os seus méritos como esterco — e isto vale para o jejum e a oração. Ele não confiava na sua própria justiça, ele não confiava na própria santidade, porque ele queria ganhar a Cristo e ser encontrado nele.
Estar em Cristo é o verdadeiro segredo do poder. Em sua carta aos gálatas, o apóstolo explica melhor este conceito de estar em Cristo:
“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” Apóstolo Paulo
João Calvino explica que “ele [o apóstolo Paulo] emprega a metáfora de uma vestimenta, quando diz que os gálatas se revestiram de Cristo. Sua intenção, porém, é dizer que eles foram unidos a Cristo de maneira tal que, aos olhos de Deus, levavam o nome e a pessoa de Cristo, e eram vistos nele antes que fossem vistos em si próprios.”
“Vestir-se de Cristo é vestir-se da justiça, da verdade, de toda graça e do cumprimento da lei inteira” Martinho Lutero
Não depende do jejum e da oração, mas de estarmos em Cristo. E nós estamos em Cristo, por meio da fé; não por meio do jejum e da oração. O jejum e a oração são importantes, mas não tem qualquer relação com o poder ou com a falta dele. É com base na justiça de Cristo, que somos aceitos diante de Deus, e a justiça de Cristo não precisa ser complementada.
Jesus foi claro, na grande comissão: Em primeiro lugar, ele disse que os sinais seguiriam os que crerem, não os que orassem e jejuassem; em segundo lugar, ele disse que em seu nome curaríamos os enfermos. Ou seja, é com base nos seus méritos, não nos nossos. Quando fazemos algo em nome de Jesus, é como se o próprio Jesus estivesse fazendo.
É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: “Quem se gloriar, glorie-se no Senhor”.
Jesus é a nossa justiça, santidade e redenção! Nós somos justos, santos e redimidos quando estamos Nele.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.