No versículo 13, do capítulo 52, do livro de Isaías, começa uma das mais belas profecias a respeito de Jesus, que se estende até o final do capítulo 53. Esta profecia, escrita na forma de verso, retrata a vida terrena de Jesus, aqui chamado de servo. O que vemos, ao longo da narrativa, é sofrimento do começo ao fim, do nascimento à a morte. Podemos descrever a vida do servo, retratada aqui, como a de um homem sendo castigado.
Embora “não tivesse cometido nenhuma violência nem houvesse nenhuma mentira em sua boca”, o profeta diz que “foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer”. Em outra parte do texto diz que “ele foi contado entre os transgressores” e, ainda, que “o castigo estava sobre ele”. Embora nós o tenhamos considerado “castigado por Deus, por Deus atingido e afligido”, o verso diz que “sobre ele estava a iniquidade de todos nós”. “Pois ele levou o pecado de muitos…” De fato, ele levou “nossas transgressões” e “nossas iniquidades”.
No início do capítulo 53, o servo é apresentado como o “broto tenro” que nasce em uma “terra seca”. Este trecho do verso contrapõe a fragilidade de Jesus ao ambiente hostil em que ele viveu. A expressão “broto tenro” retrata a fragilidade, ou mais do que isto, a mortalidade de Jesus, como se ele pudesse ser pisoteado, agredido ou morto a qualquer momento. “Terra seca” descreve não apenas o ambiente hostil de Nazaré, mas também o mundo em que vivemos. É uma terra seca, porque não chove, porque não recebe as bênçãos do céu. É uma terra seca, por causa da maldição do pecado.
Se a nossa mortalidade não fosse castigo o suficiente, consta que “ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse”. Ou seja, ele era dos mortais o mais ordinário; um judeu como outro qualquer, castigado pelo sol e pela vida árida, como um sertanejo. Embora descendesse da linhagem de Davi, a linhagem real tinha sido reduzida a nada; totalmente destituída de majestade e de poder, porque a nação vivia sob o domínio do império Romano.
“Nada havia em sua aparência para que o desejássemos”, diz o profeta. A sua divindade, a sua missão e a sua importância não eram aparentes; não eram evidentes aos olhos de ninguém. O servo tinha qualidades que, até hoje, passam desapercebidas, tais como amor, mansidão, bondade, gentileza… Estes atributos não valem nada, em uma sociedade governada pela aparência, pelas possessões e pela popularidade. Por isto mesmo, o servo “foi desprezado e rejeitado pelos homens”. “Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima.”
Em todo o verso profético, talvez a frase que tenha melhor resumido a vida terrena de Jesus seja a seguinte: “um homem de dores e experimentado no sofrimento”. Os comentaristas bíblicos dizem que a palavra traduzida, aqui, por “dores” é o equivalente a dores físicas, e a palavra traduzida por “sofrimento”, diz respeito ao sofrimento que normalmente acompanha uma doença. O exposto coincide com o versículo seguinte, onde vemos Jesus levando dores e doenças sobre si (no sentido de sofrê-las).
Não consta, nos evangelhos, que alguma vez ele tenha enfermado, no entanto consta que ele sofreu dores terríveis, nos momentos que antecederam a sua morte. “Com julgamento opressivo ele foi levado”, diz a profecia, escrita centenas de anos antes do nascimento de Jesus. “Como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.”
A paixão de Cristo é retratada, aqui, de forma brutal. O profeta diz que ele foi “oprimido e afligido”, e utiliza palavras como golpeado, ferido, esmagado e, por fim, traspassado, para descrever o martírio de Jesus. As pessoas “ficaram pasmados diante dele; sua aparência estava tão desfigurada, que ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano.” “Pois ele foi eliminado da terra dos viventes.” “Ele derramou sua vida até a morte. Foi-lhe dado um túmulo com os ímpios, e com os ricos em sua morte.”
Ele morreu na flor da idade, por volta dos trinta e três anos. Não se casou nem teve filhos (“quem pode falar dos seus descendentes”). Pelo contrário, só experimentou sofrimento do começo ao fim, do nascimento até a morte. No entanto, a sua vida não se extinguiu com a morte…
A profecia termina predizendo a vitória do servo:
“Depois do sofrimento de sua alma, ele verá a luz e ficará satisfeito. Pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e levará a iniquidade deles. Por isso eu lhe darei uma porção entre os grandes, e ele dividirá os despojos com os fortes, porquanto ele derramou sua vida até a morte, e foi contado entre os transgressores. Pois ele levou o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu”
Como não crer no evangelho, diante de predições tão marcantes e detalhadas como estas? Como não crer no evangelho, diante de tudo o que Jesus sofreu por nós, durante toda a sua vida? Por que são tão poucos os que creem?
Isto não é novidade. A própria incredulidade está prevista na profecia, logo na primeira frase. “Quem creu em nossa mensagem?”, diz o profeta, antevendo a incredulidade com que o evangelho seria recebido pelos judeus, o que foi confirmado, depois, pelo evangelista João, quando escreveu que: “mesmo depois que Jesus fez todos aqueles sinais miraculosos, não creram nele. Isso aconteceu para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que disse: ‘Senhor, quem creu em nossa mensagem, e a quem foi revelado o braço do Senhor?’”
Esta profecia também se cumpre nos dias atuais, cada vez que alguém não crê na pregação do evangelho. As pessoas podem ver os milagres, e ainda assim não crer, podem ver a exatidão da profecia, e ainda assim não crer. Por outro lado, existem aqueles a quem o braço do Senhor é revelado…
Que o Senhor possa revelar-se a nós, na pessoa do seu filho!
É a minha oração, amém.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.