Como a igreja se encaixa em nosso estilo de vida moderno? Qual é o lugar que a igreja ocupa na vida de um cristão normal? Como cristãos modernos, temos que confessar que o nosso relacionamento com a igreja tem sido extremamente superficial. O vínculo que nos une é frágil como um fio de cabelo. Basta uma palavra atravessada, que lá vamos nós para outra igreja, ou simplesmente deixamos de congregar, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Nossa participação na igreja se resume, na maioria dos casos, em ir ao culto aos domingos. Mal conhecemos a pessoa sentada ao nosso lado. Não queremos nos comprometer. O nosso nível de engajamento é zero.
A verdade é que não conseguimos encontrar tempo para o Senhor na correria do mundo moderno em que vivemos. Somos literalmente consumidos por um estilo de vida capitalista, baseado no consumo, que suga todas as nossas energias. Oferecemos para o Senhor o resto, como uma laranja que já foi chupada. Somos assim, porque o mundo contemporâneo funciona dessa forma. Não podemos parar. Temos que estar sempre correndo, sempre nos atualizando, sempre estudando, sempre trabalhando, porque se pararmos, ficamos para trás e nos tornamos obsoletos.
O mundo vê com maus olhos quem abre mão de correr atrás do sonho americano, para trabalhar para o Senhor; e muitos cristãos pensam da mesma forma. O sujeito é um ótimo cristão até que a sua filha, com dezenove anos, chega para ele e diz: “Pai, eu vou trancar a faculdade de engenharia, para fazer missões.” Todos tentam dissuadi-la da ideia. A verdade é que temos nos amoldado ao padrão deste mundo. Temos considerado normal, o que o mundo considera normal, e temos considerado um absurdo o que o mundo considera um absurdo. Por que? Porque queremos ser aceitos pela sociedade.
Nos esquecemos que o próprio Jesus disse, que se o mundo o odiou, também odiaria a nós. “Se vocês pertencessem ao mundo”, disse Jesus. “Ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia.” Porque não queremos ser odiados, não aceitamos ser tirados do mundo por Jesus. Queremos agradar ao Senhor, mas também queremos agradar o mundo. “Adúlteros”, disse o apóstolo Tiago. “Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus.”
Estamos sempre protelando a obra do Senhor. “Ainda não chegou o tempo de eu me dedicar à igreja”, pensamos. “Quando terminar a mina faculdade, Quando conseguir um emprego que não me ocupe tanto tempo, quando alcançar a estabilidade financeira, quando eu me aposentar…” Era assim que a nação de Israel pensava, quando o Senhor os tirou da Babilônia e os levou novamente para a terra das promessas. Então o Senhor os exortou, por meio do profeta Ageu: “Assim diz o Senhor: Este povo afirma: ‘Ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do SENHOR’ .” “Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento, enquanto a minha casa continua destruída?”
Esse é o ponto. Nunca é tempo para fazer a obra de Deus, mas sempre é tempo para fazer a nossa própria obra. Sempre é tempo para correr atrás dos nossos sonhos. Como disse o apóstolo Paulo, o problema é que todos buscam os seus próprios interesses, e ninguém os interesses de Cristo Jesus. Dizemos que somos servos de Deus, mas a verdade é que temos servido a outros senhores. Não podemos servir a Deus e ao dinheiro, ao mesmo tempo, porque quando tentamos conciliar as duas coisas, nos dedicamos a um e desprezamos o outro. Não podemos servir a Deus e buscar os nossos próprios interesses ao mesmo tempo. Temos servido a Deus com palavras, mas o temos desprezado com ações.
Temos relegado ao Senhor o tempo que nos sobra, quando deveríamos priorizar o Reino de Deus. “Busque em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça”, disse Jesus. O Senhor não aceita que busquemos o Reino em segundo lugar, em último lugar ou quando sobra tempo. O que diz respeito ao Reino deveria ser prioridade em nossas vidas, mas não tem sido, e isso se reflete na igreja que temos sido. Todos queremos pertencer a uma igreja melhor, na teoria, mas não estamos disposto a pagar o preço, a fazer os sacrifícios necessários. Não estamos dispostos a tomar a nossa cruz e ir após Cristo.
E por que? Por incredulidade. Você pode negar, pode dizer que crê no Senhor de todo coração, mas pense comigo. Antes de nos exortar a buscar o Reino em primeiro lugar, Jesus nos disse para não sermos como os pagãos que estão sempre ansiosos com a vida, sempre correndo atrás do que comer, beber e vestir. “O vosso pai sabe que vocês precisam dessas coisas”, disse Jesus. “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas.” Quem crê de fato nessa promessa, não vivem correndo atrás dessas coisas, e busca o Reino de Deus em primeiro lugar. No entanto, muitos de nós tem agido como os pagãos.
Temos depositado todas as nossas esperanças nesta vida, como se Jesus jamais fosse voltar. Nos esquecemos que somos peregrinos na terra, que não pertencemos a este mundo, que o nosso galardão está nos céus, ou simplesmente deixamos de crer nessas coisas. Quando é que isto aconteceu? Logo nós, que outrora suspirávamos pela volta de Cristo, que trabalhávamos para acumular tesouros nos céus, que cantávamos “Maranata” em nossos cultos.
O noivo está voltando e não estamos preparados para recebê-lo!
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.