Deus quer o meu dinheiro?

January 20, 2016

Vocês receberam de graça; dêem também de graça. Não levem nem ouro, nem prata, nem cobre em seus cintos; não levem nenhum saco de viagem, nem túnica extra, nem sandálias, nem bordão; pois o trabalhador é digno do seu sustento (Mt 10:8).

Quando o Senhor enviou os seus servos, ele os instruiu, expressamente, a não cobrarem pelo serviço. Por outro lado, ele os proibiu de usarem um centavo que fosse do próprio bolso, enquanto estivessem a serviço de Deus. Eles não deveriam levar mantimentos; e nem mesmo uma muda de roupa, além das que estavam vestindo.

Não fazia sentido, para Jesus, que além de trabalhar, os seus servos tivessem, também, que arcar com os custos do trabalho, afinal, eles tinha deixado tudo para segui-lo. Deste modo, como disse o apóstolo Paulo, “o Senhor ordenou àqueles que pregam o evangelho, que vivam do evangelho”.

Ou seja, aqueles que servem, devem viver do serviço, e não às próprias custas. Era uma questão de honra, para Jesus, que os seus servos fossem devidamente remunerados pelo trabalho. “Porque digno é o trabalhador do seu salário”, disse Jesus.

“No mundo moderno, o sustento obtido no trabalho de evangelização ou de edificação espiritual não é, normalmente, considerado como algo digno. Jesus, porém, afirma que não há nenhuma vergonha em ser sustentado para pregar o evangelho. De fato, é uma honra.” Álvaro César Pestana.

A expectativa de Jesus, quando enviou os seus servos de mãos vazias, era que eles fossem sustentados pelos beneficiários do serviço. Eles não deveriam cobrar nenhuma contraprestação, mas o Senhor contava com a gratidão das pessoas. Ele confiava que nós seriamos gratos.

A gratidão envolve um sentimento de dívida em direção à outra pessoa geralmente acompanhado por um desejo de agradecê-la. Um coração grato diz como o salmista: “como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?

Contribuir com a causa do Senhor deve ser encarado como um privilégio, como uma forma de agradecer, e não como uma obrigação. “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria”, disse o apóstolo Paulo.

No início da igreja, “não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um”. Os cristão não eram obrigados a fazê-los. Eles o faziam por gratidão, e com alegria no coração.

O próprio dízimo não é mais uma obrigação, como era no período da Lei. É uma expressão de gratidão a Deus, por tudo o que ele nos tem dado. Também não havia lei sobre o dízimo, na época de Abraão, contudo ele deu o dízimo dos despojos, porque? Por gratidão.

Temos que entender que, quando contribuímos para a causa do Senhor, seja sustentando os obreiros, ou ajudando os necessitados, o fazemos para Deus e não para os homens. Jesus disse que quando você recebe um de seus servos, você recebe a ele, e quando você alimenta algum dos seus menores irmãos, é a ele que você alimenta.

E o mínimo que o Senhor espera de nós, em sinal de gratidão, é que nós ofereçamos um salário digno aos seus servos, e prestemos ajuda financeira aos necessitados. A vontade de Deus não é que alguns sejam aliviados enquanto outros são sobrecarregados, mas que haja igualdade.

Nós achamos um absurdo os pastores terem salários exorbitantes, e de fato é um absurdo. No entanto, também é absurdo pensar, como pensam muitos, que os pastores e obreiros deveriam se contentar com terem o suficiente pra viver. Para muitas pessoas, os pastores e obreiros deveriam aprender a viver com um salário mínimo. No entanto, não é assim que Deus pensa.

Israel tinha doze tribos. Uma delas estava a serviço do Senhor, e não tinha direito a um pedaço de terra. Eram os levitas. Esta tribo deveria ser sustentada pelas outras onze, por meio do dízimo. Recebendo a décima parte de cada tribo, os levitas acumulava 110%. No entanto, os levitas também deveria contribuir com o dízimo, para o sustento dos sacerdotes. No fim das contas, a parte que caberia aos levitas era praticamente a mesma que a das demais tribos.

A forma de remunerar os servos do Senhor deve respeitar, portanto, o princípio da equidade. O que nós merecemos, em termos de salário, eles também merecem. Os brinquedos que compramos para os nossos filhos, eles também tem o direito de comprar. As viagens de lazer que fazemos, eles também tem o direito de fazer.

Isto vale não apenas para os pastores e obreiros, mas também para os necessitados. Normalmente, nos contentamos em prover os alimentos, por meio da arrecadação de cestas básicas. No entanto, o Senhor espera muito mais de nós. Ele espera que façamos o possível para que haja igualdade na igreja.

Quando não abençoamos os servos do Senhor, o próprio Deus supre as suas necessidades. A vantagem de ser sustentado pelo Senhor, é que, quando o natural falha, podemos contar com o sobrenatural. Veja o caso do apóstolo Pedro, por exemplo, que recebeu de um peixe, o dinheiro para pagar o imposto.

No entanto, quando não fazemos o que o Senhor espera de nós, quando somos ingratos, estamos abusando da bondade do Senhor. “De Deus não se zomba”, disse o apóstolo Paulo. “Pois o que o homem semear, isso também colherá.” Ou como ele diz em outra passagem: “Aquele que semeia pouco, também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, também colherá fartamente.

Ninguém tem o direito de cobrar, mas nós temos o dever de contribuir.


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