“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28.19
Fazer discípulos, nesta passagem, não significa iniciar uma relação de discipulado com alguém que já é salvo, como se existissem duas classes de pessoas na igreja, os salvos e os discípulos.
No texto, a pessoa já é um discípulo antes mesmo de se batizar, e antes de aprender a obedecer. Ou seja, ela se torna discípulo ao crer. Se a pessoa se torna um discípulo quando crê, a forma de fazer discípulo é pregando o evangelho.
Neste ponto, a grande comissão de Mateus se harmoniza com a grande comissão de Marcos, segundo a qual devemos ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Os que crerem serão salvos, segundo Marcos, e se tornarão discípulos, segundo Mateus.
De fato, no livro de Atos o termo “discípulo” é empregado regularmente para designar a pessoa que confessava Jesus como Senhor. Por fim, em Antioquia, os discípulos passaram a ser chamados de cristãos (At 11.26).
Portanto, todo cristão é um discípulo.
Um discípulo é, literalmente, um aprendiz, um aluno, um seguidor não apenas dos ensinos do seu mestre, mas do próprio mestre. Crer em Jesus como Senhor, portanto, é apenas o primeiro passo de uma longa jornada de aprendizado, a caminho da maturidade.
Quem não gosta de aprender não serve para ser discípulo, porque o cristianismo é, na prática, um aprendizado contínuo da Palavra, não apenas para conhecer, mas também para crer e praticar. Na nossa vida com Deus, todas as conquistas passam pelo aprendizado da palavra.
Disse Jesus aos que haviam crido nele:
“Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8.31,32).
Em termos de maturidade espiritual, o novo discípulo é como uma criança e, por serem crianças, devem receber leite e não alimento sólido. O que o apóstolo Paulo chama de leite espiritual é também chamado de “ensino elementar a respeito de Cristo”, no livro de Hebreus.
Em outras traduções, este ensino elementar é chamado de ensino básico ou primeiras lições. Ou seja, o leite espiritual é uma espécie de ensino básico, um curso inicial, que todo novo convertido deve receber ao vir para Jesus.
E quais seriam estas doutrinas básicas do cristianismo? Por meio do autor de Hebreus, conseguimos saber qual os principais temas elementares ensinados aos primeiros cristãos ( v. Hb 6:1–3):
- arrependimento;
- fé;
- batismos;
- imposição de mãos;
- ressurreição; e
- juízo vindouro.
Estas são as doutrinas básicas do cristianismo, os fundamentos essenciais da palavra de Deus, mas não é de forma alguma tudo o que um cristão deveria conhecer. Quem aprendeu os fundamentos da palavra está preparado para ensinos mais profundos, que são os alimentos sólidos as escrituras se referem.
Os destinatários da carta aos Hebreus haviam se tornado lentos para aprender, sendo, que na altura em que estavam, e com o tempo de discípulo que tinham, já deveriam ser mestres, ou seja, deveriam estar aptos para ensinar os novos discípulos, contudo eles não aproveitaram bem o tempo de seu discipulado, para se aprofundarem no conhecimento da palavra.
“Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça”, disse-lhes o autor. “Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal. Portanto, diz o autor de Hebreus, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade”.
Segundo o apóstolo Paulo, o propósito da maturidade é “que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro”.
O objetivo final do ensino não é o ensino, mas a obediência. O ensino é o meio pelo qual a obediência vem. Do mesmo modo que uma criança não nasce sabendo, o novo convertido tem que ser ensinado a obedecer. Ou seja, a obediência é algo que se aprende. Segundo o Apóstolo Paulo, os discípulos colossenses aprenderam a viverem desta forma.
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Este ensino não era apenas teórico, mas prático. O apóstolo Paulo lhes ensinava com riqueza de detalhes os comportamentos que deveriam abandonar.
Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade (…) “Quando vocês ficarem irados, não pequem” (…) O que furtava não furte mais; (…) Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros (…). Não entristeçam o Espírito Santo de Deus (…).
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. (…)
Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças.
Quanto ao método, Jesus ensinava seus discípulos publicamente e em particular. No livro de Atos, o apóstolo Paulo diz que ensinou publicamente e, também, de casa em casa. Ele utilizou, também, um método de ensino muito parecido com o das nossas escolas teológicas.
Está escrito no livro de Atos que ele tomou consigo os discípulos, e passou a ensinar-lhes diariamente na escola de Tirano, em um curso que continuou por dois anos. Ou seja, todos os meios são válidos, quando o assunto é aprender a palavra de Deus.
Nós aprendemos na igreja, aprendemos em cursos, aprendemos nas casas e aprendemos um com os outros.
Todos podem e devem ensinar, mas não podemos negar que existe o dom do ensino,que Jesus concedeu aos que ele chamou para serem mestres. Pois, conforme o apóstolo Paulo escreveu “Jesus designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”.
Gostaria de recomendar meu livro, um romance emocionante e divertido com pano de fundo cristão, que aborda questões como relacionamento pais e filhos, primeiro amor e segundas chances.